Especialista indica como controlar o estresse térmico no gado
Estresse térmico do gado causa perdas de US$ 370 milhões nos Estados Unidos, além de afetar alimentação e bem-estar dos animais
Os bovinos são animais resistentes e costumam se aclimatar às temperaturas quentes, mas há um limite, segundo o AJ Tarpoff, veterinário da Universidade do Kansas. Nos Estados Unidos, apenas o gerenciamento do estresse térmico dos rebanhos custa US$ 370 milhões em perdas anuais para a indústria pecuária e as causas do problema incluem um acúmulo de fatores como umidade, radiação solar, cor do couro e dieta, segundo ele.
Esses fatores podem alterar drasticamente a capacidade do gado em suportar o calor do verão, detalha Tafpoff. “É realmente um desafio de várias camadas”, avalia. “Cada animal dentro de um grupo ou cercado não é afetado da mesma maneira. Aqueles com pontuações de condição corporal mais altas, ou com peles mais escuras, ou novilhos e novilhas que estão se preparando para a colheita, correm maior risco de estresse térmico”.
Estresse térmico e alimentação do gado
Os efeitos do estresse térmico incluem a redução da eficiência reprodutiva e do desempenho do gado pastando. Em instalações confinadas, o problema faz com que o gado coma menos, o que também afeta negativamente seu desempenho. Diferentemente do corpo humano – que usa a transpiração para se resfriar – o gado dissipa o calor ao ofegar em sua maior parte. Quando a temperatura sobe, aumentando a carga de calor, os bovinos começam a respirar mais rapidamente e dissipam o calor por meio de gotículas no trato respiratório. O problema é que ao fazer isso, eles comem menos, entrando numa rota de baixos crescimento e desempenho.
De acordo com Tarpoff, a temperatura interna do gado atingirá o pico duas horas após o ponto mais quente do dia. “Portanto, nossa estratégia para mantê-los resfriados precisa ser construída com base nessa informação”, explica. E mais: o gado deve ser alimentado no período certo, pois ele produz calor ao digerir os alimentos – normalmente 4-6 horas depois de comer.
Tarpoff listou as melhores práticas de manejo para ajudar a reduzir o estresse térmico, o que inclui receber, embarcar ou movimentar o gado apenas nas horas mais frescas do dia, além de modificar os horários de alimentação. “Alimente 70% da ração dos animais o mais tarde possível, o que aumenta o calor da digestão durante a noite, quando as temperaturas são provavelmente mais baixas, e diminua a alimentação durante o dia”, detalha.
O especialista também recomenda maximizar o fluxo de ar, removendo obstruções ao redor das instalações, incluindo ervas daninhas. Se possível, é importante instalar estruturas de sombra, que podem reduzir a radiação solar e diminuir a temperatura no chão. E entre as dicas básicas estão, é claro, o fornecimento de muita, muita água.