Ingleses apostam na gordura animal cultivada em laboratório 

A Hoxton Farms, startup inglesa especializada na área de alimentos, acaba de abrir uma planta-piloto onde pretende produzir gordura animal cultivada. A instalação terá capacidade de até 10 toneladas/ano e contará com laboratórios de cultura de células, uma cozinha de desenvolvimento de alimentos, escritórios e áreas comuns. 

A planta também abriga uma oficina que permite à equipe fabricar biorreatores proprietários projetados para otimizar o crescimento de células gordurosas com custos de capital muito mais baixos do que os biorreatores padrão da indústria.

Fundada pelo biólogo sintético Max Jamilly e pelo matemático e cientista da computação Ed Steele em 2020, a Hoxton Farms desenvolve gorduras para alternativas à carne, com aplicações em carne vegetal e cultivada. O empreendimento cultiva gordura a partir de células animais, usando biorreatores personalizados para a produção. 

Tecnologia para produção de gordura animal cultivada

De acordo com eles, as alternativas atuais à carne não têm um sabor suficientemente bom, o que seria a principal razão pela qual os consumidores não repetem a compra desse tipo de produto. A chave para consertar essa decepção é a gordura, uma vez que ela pode ajudar na recriação da experiência que os carnívoros desejam. Além disso, a gordura seria mais escalonável que o músculo e também cresce mais rápida em laboratório.  

Operacionalmente, a startup deve produzir todos os tipos de gordura, mas seu primeiro produto é a gordura dorsal de porco cultivada. A tecnologia envolve a extração de células-tronco (MSCs, sigla para células estromais mesenquimais) – de porcos adultos. A partir delas, os especialistas usam engenharia do genoma endógeno para que as células se dividam indefinidamente e não seja necessário recorrer à coleta de material em animais vivos. 

De acordo com reportagem do site AgFunderNews (um dos investidores), os empreendedores da Hoxton Farms usam novas tecnologias como o aprendizado a máquina para modelar os processos de fabricação de gordura cultivada. 

O projeto conta com financiamento de US$ 22 milhões, de uma rodada inicial anunciada em outubro de 2022, com aporte liderado pelo Fundo Colaborativo e da Fine Structure Ventures, com investimento adicional da Systemiq Capital, AgFunder, MCJ Collective e outros.