iotizacao do agronegocio

“Iotização” do agronegócio precisa de planejamento, diz especialista

Especialista defende que adoção do IoT (internet das coisas) no agronegócio precisa de mais planejamento, principalmente para atender o pequeno produtor

Redação

em 20 de outubro de 2022


A aplicação da Internet das Coisas (IoT) no agronegócio precisa ser mais planejada, principalmente para atender o pequeno produtor, na avaliação de André Martins, CEO da NLT. A empresa é uma operadora de telecomunicações especializada em soluções de conectividade para IoT e esteve presente na Futurecom 2022, evento de tecnologia e inovação que acontece nesta semana em São Paulo. 

Segundo Martins, o processo de ativação de redes no setor muitas vezes começa de forma equivocada, com a instalação de infraestrutura para monitorar máquinas agrícolas caras. Ele recomenda outro caminho: a avaliação mais ampla e integrada, com o levantamento dos cultivos, projetos de dispositivo para cada área e identificação de demandas especiais, como o sensoriamento de umidade do solo ou  monitoramento de pivôs de irrigação. 

“É necessário um projeto de “iotização” das fazendas”, resume. Para Martins, o processo tem método e deve considerar a especificidade de cada negócio. 

No caso de granjas, um parâmetro importante é a adoção de sensores para avaliação do nível de dióxido de carbono (CO2). “Não basta cobrir as fazendas com uma rede celular, tem de identificar em algumas áreas. É o caso de um pasto para 5 mil cabeças, onde é necessário ter uma rede que permita a conectividade para rastrear o gado”, completa.

Independente do rastreamento ser direcionado para animais ou cultivo, o executivo avalia que falta informação para os pequenos e médios empreendedores. 

Tecnologia para pequenos produtores

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Os grandes produtores do agronegócio, de acordo com Martins, são bem atendidos pelas operadoras tradicionais de telefonia e têm dinheiro em caixa para implantar projetos. Já os pequenos produtores começam seus projetos de IoT a partir de informações de fabricantes de equipamentos ou por meio de pequenas operadoras regionais de telecomunicações, conhecidas tecnicamente como ISP, da sigla em inglês para provedores de serviços de internet.

“Temos ISPs focados no mercado de agronegócios, que já instalaram rede de fibra óptica para atender regiões agrícolas. Há exemplos de operadoras desse tipo que tem uma rede de cabos de telecomunicações de 2 mil km, atendendo de 10 a 15 fazendas”, explica Martins. Segundo ele, as ISPs em geral já educaram os seus clientes do agro, inclusive com modelo de negócio de rateio de uso da infraestrutura. O passo seguinte é usar o mesmo modelo para rateio de redes móveis, com suporte e orientação de especialistas, como a NLT.

A empresa atua como um cérebro desse ecossistema, planejando o processo de digitalização a partir de redes de operadoras tradicionais como Vivo, Claro e TIM – e de operadoras especializadas em IoT, como a American Tower. Mas a NLT também têm redes privativas, que complementam o uso da infraestrutura das parceiras. São mais de 50 delas, com redes de telecomunicações sem fio e que atendem regiões concentradas do Centro-Oeste e da Bahia. 

Martins lembra ainda que 30% do território brasileiro ainda está sem cobertura de telefonia celular móvel e, geralmente, há agronegócios nessas áreas. “Não falta tecnologia, mas é necessário ter maior difusão e políticas públicas que incentivem e ampliem a “iotização” do agronegócio”, finaliza.