boi resistente ao calor

Mais resistentes ao calor, bois têm recursos contra mudança climática

Raças zebuínas, como Nelore, passaram por melhoria genética para ser as mais resistentes contra altas temperaturas

Redação

em 16 de agosto de 2022


Ser resistente a altas temperaturas será um diferencial para o gado nos próximos anos. Raças mais adaptadas ao meio ambiente não só passam por menos estresse ao longo da vida, como também emitem menos CO2 e engordam mais.

No Brasil, o boi zebuíno é destaque quando se fala em conseguir suportar altas temperaturas. A raça nelore, que está presente em 80% da produção da pecuária de corte nacional, é um exemplo de animal que consegue se adaptar a climas secos e quentes. A genética já cria formas de repassar essa capacidade para outros animais. 

Boi resistente ao calor: o que acontece quando a temperatura aumenta?

Boi resistente ao calor

Para entender porque ser resistente ao calor é importante, primeiro é necessário entender como os bois reagem ao calor extremo. E é um estresse que ocorre em vários graus. 
Ser capaz de aguentar altas temperaturas é também importante para manter o bem-estar do animal. 

A temperatura interna dos bois já é alta sem ajuda do clima: alternando entre 38,5°C e 39,5°C. Ou seja, o animal já é quente. Algumas pesquisas mostram que a temperatura ambiente de conforto para o gado alterna entre 25°C e 35°C. Quando há mais calor, a tendência é que os animais reduzam entre 3% e 5% o consumo de matéria seca (o que influencia na fase de engorda.

Há um aumento de frequência respiratória dos bois durante o calor, o que aumenta a quantidade de CO2 produzido por cada animal. Nas fazendas, o gráfico de Pangint é usado para exatamente medir esse conforto respiratório – e ligar ao ambiente. A escala vai de 0 a 4,5., sendo 0 a de conforto e a 4,5 é indicação de muito calor.  

Nelore é destaque

Boi resistente ao calor

Por ter uma pelagem curta e mais glândulas sudoríparas no corpo, o Nelore tem mais características que o ajudam a resistir ao calor. Até mesmo a coloração do pêlo, geralmente branca e com epiderme escura, facilita a adaptação ao calor, já que o branco reflete a radiação solar com mais facilidade do que as cores mais escuras. 

Além disso, o trato digestivo do Nelore é 10% menor em relação aos europeus. Portanto seu metabolismo é mais baixo e gera menor quantidade de calor. 

Pesquisa genética e os bois resistentes a calor

A raça ser mais conectada com o clima quente e seco não significa que ela não possa melhorar ainda mais. Cientistas brasileiro e australianos encontraram 16 genes que os Nelores têm que o tornam mais resistentes ao calor. Genes relacionados a respostas de regulação do metabolismo e função muscular, bem com a resposta inflamatória e imunológica. 

“Estudamos a interação entre genótipo e ambiente em gado Nelore com o objetivo específico de identificar animais menos sensíveis à variação ambiental. Sempre existiu uma preocupação em melhorar a média da produtividade dos animais, mas agora é preciso também identificar aqueles mais resistentes às mudanças no clima”, diz o pesquisador Roberto Carvalheiro, em entrevista ao site A Lavoura

Na pesquisa, Carvalheiro, no entanto, indicou que o ambiente influencia em quais genes são ativados e passos para frente. Em outras palavras: o Nelore pode ser resistente, mas não significa que ele não tenha estresse por calor ou condições adversas. Em momentos de mudança climática, observar os sinais de estresse dos animais é positivo para o bem-estar momentâneo e também para a manutenção dos bons genes da espécie.