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Farelo de mamona, uva e azeite de oliva podem melhorar nutrição de bovinos, segundo Embrapa

Embrapa Pecuária Sul estuda benefícios ambientais no uso de subprodutos para nutrição de bovinos

Redação

em 1 de agosto de 2022


A Embrapa Pecuária Sul tem desenvolvido pesquisas para explorar subprodutos para nutrição de bovinos que tragam benefícios ambientais sem deixar de alimentar os animais dentro de uma dieta balanceada. Formulados a partir de substâncias naturais e usados como suplementos alimentares, os subprodutos estudados reduzem a produção de metano na digestão de bovinos e mitigam as emissões de gases poluentes da pecuária.

A lista de subprodutos testados inclui rejeitos da produção de azeite de oliva, vinho e suco de uva, óleo de mamona, além de extrato de tanino. Todos estão sendo avaliados como possíveis componentes de suplementação. De acordo com a Embrapa, se as pesquisas mostrarem um sucesso, será possível também reaproveitar recursos que antes eram descartados pelo agronegócio.

Confira como cada subproduto está sendo utilizado

Azeite de oliva 

A pesquisa busca avaliar o uso de rejeitos de azeite de oliva na composição de concentrados para alimentação de bovinos. A expectativa é de que há um potencial de reduzir a produção de metano e também melhorar a qualidade da carne e do leite produzido.

O subproduto do azeite vai substituir o milho e será aplicado na fase de terminação de bovinos de corte, em área de pastagem de inverno, durante aproximadamente 120 dias, e também na alimentação de bovinos de leite. Na pesquisa, serão desenvolvidos testes em laboratório e em campo.

A Embrapa aponta que o subproduto é rico em gordura e por isso tem um efeito direto na redução na produção de metano. Basicamente, a gordura envolve as fibras ingeridas e as bactérias que atuam sobre elas, incluindo as responsáveis pela geração de metano, que não conseguem atingir o alimento. Dessa forma, corta-se a possibilidade de produção do gás.

A pesquisa vai avaliar também a qualidade do produto para a nutrição, ou seja, a resposta na produção animal, uma vez que vai substituir um dos principais ingredientes de concentrados. A Embrapa aponta que a oliva tem um perfil de ácidos graxos distintos que pode afetar na gordura da carne, possivelmente com efeitos positivos para a saúde humana. A expectativa é de que possa contribuir com a redução do colesterol.

Outra vantagem no uso do azeite é o tamanho do mercado de olivicultura no Rio Grande do Sul, com estimativas de 14 mil hectares plantados. Isso significa que há rejeitos do alimento para abastecer a produção pecuária, que, segundo a Embrapa, estão sendo mal aproveitados.

Tanino e a uva

Outra linha de pesquisa na Embrapa Pecuária Sul é o uso de tanino na composição dos concentrados. Estudos com a substância encontrada em produtos de origem vegetal já mostram uma relação com a diminuição da produção de metano pelos animais. O tanino se liga às proteínas ingeridas e as protege no rúmen, permitindo que elas cheguem ao estômago mais intactas. Esse processo pode causar menos fermentação no rúmen e produzir menos metano.

Para essa pesquisa em específico será utilizado extrato de tanino de acácia-negra, uma árvore leguminosa rica na substância. A questão agora é estudar a palatabilidade do tanino e seus efeitos na nutrição de bovinos, além de verificar se há redução da emissão de metano após a sua ingestão.

Na mesma linha de uso do tanino, há pesquisas para aproveitar o rejeito de agroindústria de vinho e de suco de uva. A fruta possui tanino que pode servir de composto para a suplementação, além de contar com antioxidantes para melhorar a saúde dos animais. O próprio tanino já tem sido avaliado pela Embrapa Pecuária Sul por seu potencial antiparasitário em ruminantes, especialmente em ovinos. 

Farelo de mamona

O uso do farelo de mamona, um subproduto da indústria ricinoquímica, para alimentação de bovinos. O subproduto é rico em proteínas, o que pode ajudar na melhoria da alimentação dos rebanhos fazendo com que produzam menos metano. A pesquisa será realizada em parceria com a Embrapa Algodão e envolverá uma ampla rede de pesquisadores de diversas Unidades da Embrapa, Universidades e Institutos Federais.

O objetivo inicial da pesquisa era validar a segurança do uso do farelo de mamona na alimentação de bois, mas evoluiu para o estudo do alimento também na redução das emissões de metano. Segundo os pesquisadores, a baixa qualidade das forragens e alimentos fornecidos aos bovinos faz os animais aumentarem a produção de metano. Com uma alimentação melhor, é possível que esse processo digestivo diminua.

Nos estudos, o farelo de mamona será utilizado em substituição ao farelo de soja na alimentação de bovinos de corte de raças europeias. Os animais vão se alimentar no pasto durante uma parte do dia e depois receberão uma complementação que vai conter o farelo de mamona. A previsão é que o estudo encerre em 2024, que vai envolver pesquisas laboratoriais e em campo.