cadeia direta de fornecimento

Marfrig rastreia 100% da cadeia direta de fornecimento

A empresa já rastreia 100% de seus fornecedores diretos por meio de imagens via satélite, certificando-se de que o gado de corte é criado em locais autorizados

Roberto Francellino

em 31 de março de 2022


A agenda de sustentabilidade da Marfrig, uma das maiores produtoras de carne bovina do mundo, tem números expressivos: a empresa rastreia 100% de seus fornecedores diretos por meio de imagens via satélite, certificando-se de que o gado de corte é criado em locais autorizados, ou seja, longe de áreas de preservação ambiental ou indígena ou qualquer outro tipo de restrição. A meta, porém, é ampliar o monitoramento para as outras etapas do fornecimento e atingir os produtores de cria e de recria (considerados os “adolescentes” da cadeia). 

De acordo com Paulo Pianez, diretor de Sustentabilidade e Comunicação Corporativa da Marfrig, até o ano passado 62% da cadeia de produtores localizados na Amazônia já estavam rastreados. No Cerrado, a porcentagem é ainda maior, chegando a 67%. 

Os dados foram revelados durante entrevista de Pianez para o programa CBN Sustentabilidade e indicam que o processo de acompanhamento acontece desde o nascimento até o abate. “O desafio não é tecnológico, pois temos sistemas de identificação por rádio frequência e conseguimos levantar e organizar as conexões”, destacou o executivo. Ele se refere aos sistemas implantados individualmente no gado de corte e que acompanham os bovinos em toda a cadeia. 

Os dois sistemas combinados – microchips no rebanho e monitoramento de imagens por satélite – permitem que a empresa cruze dados e tenha a certeza que é abastecida por produtores que operam em áreas legais, livres de desmatamento. 

Rastreamento da cadeia indireta de fornecimento já alcança 30 milhões de hectares

Atualmente, a Marfrig consegue monitorar uma área de 30 milhões de hectares, o correspondente ao estado de São Paulo ou ao Reino Unido. Pianez lembra ainda que o acompanhamento é importante para reforçar o posicionamento do Brasil como importante produtor de proteína animal, ao mesmo tempo em que comprova que essa produção é sustentável e atende às diretrizes da agenda ESG, que envolve sustentabilidade, responsabilidade social e governança. 

Segundo o executivo, o país tem cerca de 5 milhões de propriedades rurais, das quais metade têm atividades de pecuária, o que aumenta ainda mais a responsabilidade do país em atender a agenda ESG. 

Para que o Brasil avance na produção de carne livre de desmatamento, Pianez acredita que é importante alinhar as políticas de estado com as iniciativas das corporações que atuam no setor, pois, diferentemente de países como Uruguai e Austrália, a legislação brasileira não obriga o rastreamento dos rebanhos bovinos. 

“A gestão ambiental é fundamental porque pode se tornar um atrativo ou uma barreira”, explica o diretor da Marfrig. Para ele, o Brasil tem um grande capital ambiental e precisa ter uma narrativa única para o setor, que defenda que é possível produzir carne bovina ao mesmo tempo em que se conserva o meio-ambiente e inclui socialmente quem participa do segmento.