mercado voluntario de carbono

Mercado voluntário de carbono entra no radar de empresas brasileiras

Companhias de todos os setores, incluindo na agropecuária, olham para mercado voluntário de carbono como uma oportunidade em alta

Redação

em 15 de fevereiro de 2023


A redução das emissões de carbono abre portas para as empresas brasileiras: o mercado voluntário de carbono, com potencial de saltar para US$ 50 bilhões em 2030. Trata-se de uma forma das organizações trocarem os créditos de carbono para neutralizar emissões de gases de efeito estufa.

A opção de descarbonizar toda a operação é, obviamente, a que impacta melhor o meio ambiente. Mas o mercado voluntário de carbono é importante, já que equivale 1 crédito a 1 tonelada de CO2 capturado. “Seja para os setores onde descarbonizar é mais fácil ou mais difícil, o mercado voluntário de carbono tem um papel relevante a desempenhar e é parte fundamental na jornada de contenção do aquecimento global. Daí a sua crescente importância e visibilidade”, explica a McKinsey.

Mercado Voluntário de Carbono no Brasil

No cenário global, é estimado que a demanda por créditos de carbono possa aumentar 15 vezes ou mais até 2030, e até 100 vezes até 2050. 

Embora o Brasil seja o quarto maior país gerador de créditos, é responsável por apenas 7%, aproximadamente, do total. Segundo a McKinsey, isso corresponde a menos de 1% do potencial anual do país. Com o tamanho e a quantidade de operações brasileiras que se baseiam na natureza, é esperado que este segmento ganhe força nos próximos anos.

O país tem potencial para responder por 50% da oferta global até 2030, e com isso, direcionar um caminho para segmentos empresariais se tornarem mais sustentáveis e participarem das neutralizações de emissões de gases de efeito estufa (GEE). De acordo com o Observatório de Bioeconomia da Fundação Getúlio Vargas, o setor da agropecuária será o destaque em crescimento neste mercado.

Agropecuária regenerativa em ação

mercado voluntario de carbono

A atual busca do setor agropecuário para tornar as suas operações carbono neutro também entram como rol do mercado voluntário de crédito. Do potencial brasileiro, aproximadamente 80% são projetos de restauração florestal em áreas de pastagem degradadas, capazes de remover carbono da atmosfera, indica a McKinsey.  

Ainda segundo especialistas do setor, quanto mais as fazendas se comprometem a usar sistemas que capturam carbono, como as integrações lavoura-pecuária e a pecuária intensiva, mais elas podem gerar valor no mercado de carbono.

Um cálculo publicado pelo Valor Econômico mostra que a conversão de toda a área para o sistema de integração lavoura pecuária (ILP), sistema de manejo com grande capacidade de sequestro de gases poluentes, removeria do solo 539 milhões de toneladas de carbono equivalente (CO2 e), gerando US$ 5,4 bilhões em 20 anos, com base no preço de US$ 10,00 a tonelada de CO2.

Além de desbloquear os bilhões do mercado, ainda será possível aumentar a receita para o produtor, já que é uma forma de beneficiar financeiramente as boas práticas e a redução de emissões de CO2.

“A agricultura é uma das poucas cadeias que consegue sequestrar carbono da atmosfera. Boas práticas agrícolas são capazes de incorporar matéria orgânica que, em algum momento, será carbono sequestrado no solo. É uma redução de emissões que nenhuma outra cadeia tem. Ou seja, uma oportunidade enorme para o agronegócio”, disse Marília Folegatti, pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente, em entrevista ao CNA Brasil.

“A mensagem para o agronegócio é de otimismo, mas, principalmente, de paciência”, acrescentou Maurício Cherubin, professor do Departamento de Ciência do Solo da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq/USP) na mesma reportagem.