alimentos enlatados

Mitos sobre alimentos enlatados já foram desmistificados

Do milho à feijoada, estudos e novas tecnologias derrubam o mito de que alimentos enlatados fazem mal à saúde

Redação

em 19 de maio de 2022


Quem adota alimentos enlatados para preparar uma refeição tem em mente a praticidade, mas provavelmente já experimentou uma sensação de culpa. A razão? Somos bombardeados por notícias criticando o uso de comida processada em vez de alimentos naturais. Isso pode estar mudando e há opções sim de produtos enlatado que podem ser saudáveis. Muito da má reputação vem do fato de alguns deles apresentarem altos níveis de sódio, mas existem alternativas com baixo teor ou mesmo sem sal, o que torna os alimentos enlatados menos perigosos para o aumento da pressão arterial, entre outros problemas.

Nos Estados Unidos, o uso de enlatados saudáveis inclui os feijões, um básico da dieta vegetariana e que economiza tempo porque não precisa ser cozido. Geralmente, eles são ricos em proteínas e fibras e pobres em gordura, o que pode influenciar na redução do peso e do colesterol. 

De milho à feijoada, conheça enlatados mais saudáveis

Mas a primeira dica – nesse caso, e em outros – é verificar se o produto está isento de sal ou tem um percentual baixo. Para complementar a dieta de fibras dos feijões, a carne ou peixe enlatado é uma dica interessante. Outra alternativa nos Estados Unidos é o frango enlatado, pobre em gordura, mas rico em proteínas, cálcio e vitamina D.

A tendência de adoção de alimentos armazenados em lata também acontece no Brasil e há listas que indicam o milho, entre outras alternativas. Uma reportagem do site UAI derruba vários mitos sobre o assunto e traz os enlatados diretamente para nossa mesa. A matéria tem como base o levantamento da Associação Brasileira de Embalagem de Aço (Abeaço), que divulgou uma lista com dez itens esclarecendo verdades e mitos sobre os enlatados. Dentre as novidades, está a que o milho enlatado tem menos calorias que o cozido e que a feijoada enlatada é 30% mais leve que a tradicional.

Novas latas de aço dispensam conservantes

Para ser saudável, os alimentos enlatados devem adotar latas que dispensam o uso de conservantes. Antes do uso de aços especiais, os fabricantes adicionavam inúmeros aditivos químicos para dar um aspecto mais atraente, além de maior durabilidade e praticidade aos alimentos. Segundo o UAI, os mais comuns eram os aromatizantes, corantes, antioxidantes, estabilizantes, conservantes e acidulantes. “Um dos exemplos são os nitritos e/ou nitratos (substâncias usadas para conservação de alimentos), que são transformados em nitrosaminas em nosso estômago, uma composição altamente cancerígena, principalmente se consumida de forma contínua”, destaca a reportagem citada. Com as novas latas, esse processo pode ser eliminado.

Além da possibilidade de serem saudáveis, os alimentos enlatados oferecerem um melhor custo-benefício e agregam várias tecnologias como o sistema de abertura e fechamento, que facilita o envase e armazenamento após a abertura. 

Outra novidade é a criação da película interna flexível, que acompanha a deformação da embalagem e protege o conteúdo mesmo em caso de amassamento, jogando por terra a questão de que a lata deformada interferiria no armazenamento do conteúdo.

Outra constatação dos especialistas é que as latas enferrujadas não causam necessariamente tétano. A reportagem do site UAI apurou que a ferrugem faz parte do processo natural de degradação do aço e que esse processo sozinho não faz mal à saúde. O tétano, por sua vez, é uma doença causada por um micro-organismo, o Clostridium Tetani, que pode estar em muitas superfícies, principalmente no solo. Ou seja, qualquer material, desde que esteja contaminado, pode causar o tétano e não somente as latas enferrujadas.

Outro terror associado aos alimentos enlatados é a possibilidade de eles causarem botulismo. Assim como no caso do tétano, a contaminação da doença acontece em qualquer alimento infectado pela bactéria Clostridium Botulinum, seja ele fresco ou enlatado. “Assim, qualquer material – contanto que esteja infectado pela bactéria – pode causar o botulismo. Por isso é importante manter os alimentos, as embalagens e quaisquer superfícies que tenhamos contato bem higienizados e conservados”, explica a matéria.

Três enlatados de sucesso

Três alimentos enlatados podem ser tomados como exemplo dessa nova tendência de considerar esse tipo de comida saudável. Vamos começar pelo milho, citado no começo da matéria. Para a Abeaço, o milho enlatado é 40% menos calórico que o cozido em casa, o que seria uma verdade em partes. 

Na avaliação dos especialistas, ele pode até ser menos calórico, mas é mais rico em sódio, que faz mal à saúde. Os alimentos em conserva merecem mais atenção na hora do consumo exatamente por isso. Para os hipertensos, a escolha destes produtos não é indicada. A melhor opção são os enlatados a vapor.

Já o tomate em lata pode ter mais licopeno que o tomate in natura. “Na verdade, o licopeno – uma substância antioxidante que pode diminuir a probabilidade do indivíduo ter câncer de próstata e pulmão -, aumenta a sua biodisponibilidade após o cozimento”, detalha a reportagem. 

Biodisponibilidade é o processo que representa a medida quantitativa da utilização de um nutriente, influenciando sua absorção e distribuição para os tecidos do nosso organismo. “Assim, para o tomate liberar essa substância não é necessário que ele seja enlatado. Podemos comprar o tomate fresco, fazer o molho caseiro, por exemplo, e obter o mesmo benefício”, explica o site UAI.

Finalmente, a feijoada enlatada pode ser um clássico brasileiro 30% mais leve que a receita tradicional. Enquanto 100 gramas da feijoada caseira possuem 152 calorias, a mesma medida da enlatada tem apenas 108. A quantidade de gordura saturada é 58% menor na lata (cerca de 2,5g/100g de feijoada na versão enlatada, contra 6g na versão caseira). 

Os índices de colesterol também são mais baixos, sendo 17mg/100g na versão enlatada e 30mg/100g na versão tradicional, uma redução de 43%. Isso acontece porque os ingredientes são colocados crus na lata e o processo de cozimento acontece como em uma panela de pressão. Assim, nutrientes e vitaminas são preservados e não há adição de óleo.