Mulheres na Pecuária: os desafios dentro e fora do campo
Participação das mulheres na pecuária está crescendo, segundo pesquisas, mas ainda há um grande caminho a percorrer
Inspirado pelas conversas e pelas histórias das pecuaristas, o Prato do Amanhã fará uma série de matérias para falar sobre os temas que movem as mulheres na agropecuária. Assuntos como sucessão, conflito de gerações, mudança na cultura e maternidade serão abordados e, de modo geral, a série mostrará como as preocupações das entrevistadas se refletem nos dados existentes sobre a vida das produtoras do Brasil.
De acordo com a pesquisa Agroligadas, 78% das mulheres se preocupam com sucessão familiar, por exemplo. Já 90% se dizem aflitas com relação ao aumento de capacidade produtiva das propriedades rurais. Para 82%, ter tempo para si é algo que preocupa, e para 81% o ponto é como equilibrar o tempo de trabalho e o dedicado à família.
Avaliando todas as atividades rurais – e não somente a pecuária – o Observatório das Mulheres Rurais do Brasil, da Embraba, identificou que tem mais de 1 milhão de mulheres dirigindo propriedades de agronegócio no Brasil. Quase a metade delas é dedicada à agropecuária e criação de animais (veja números exatos do IBGE a seguir). Outras 32% lideram lavouras temporárias e 11% estão dedicadas à produção de culturas permanentes. Do total de trabalhadores do campo, 4,3 milhões são mulheres e 10,7 milhões são homens.
As mulheres estão avançando
Segundo a Embrapa, houve crescimento de 44,2% na liderança das mulheres no campo nos últimos 11 anos e a pecuária foi líder deste aumento. Em 2006, o número de mulheres que dirigiam fazendas de pecuária era de 289,7 mil, contra 2 milhões de homens. Em 2017, quando o CensoAgro do IBGE foi feito (os dados mais recentes que temos) haviam 450,7 mil mulheres líderes do setor. Os homens na mesma posição continuaram na faixa de 2 milhões. “As mulheres estão conquistando muito espaço e brilhantemente fazendo ótimos trabalhos. Mas ainda é muito difícil para nós”, diz Mari Silva, coordenadora de pecuária na Amaggi.
O sucesso pode ser medido por outro número: a felicidade em estar e trabalhar no campo. A pesquisa Agroligadas mostrou que 93% das mulheres se sentem orgulhosas por trabalharem no agronegócio. “Estou desbravando esse mundo e ele é apaixonante. Não tem mais volta”, ilustra Cristiane Ferreira, líder de uma das maiores Estâncias do Corredor Internacional, no Rio Grande do Sul.
O sentimento que Ferreira mostrou, aliado a uma paixão sem tamanhos pelos animais e pelo campo, é o que une as histórias das produtoras e gestoras, conforme o Prato do Amanhã apresentará semanalmente na série Mulheres na Agropecuária. Acompanhe.