nelore

Por que o nelore é a raça mais presente no Brasil?

Os gados nelore são a raça mais produzida no Brasil, respondendo por 80% do rebanho e presente prioritariamente nas criações de corte

Redação

em 22 de agosto de 2022


Os animais da raça nelore somam aproximadamente 100 milhões de cabeças e representam 80% do rebanho bovino no país. De origem indiana, o gado passa por constante melhoramento genético no país e é direcionado quase que exclusivamente à produção de carne, embora nos primeiros tempos já tenha sido utilizado para extração de leite. Na Índia nativa, os nelores continuam fornecendo leite – prioritariamente – ou usados no transporte de cargas. A pergunta é: por que a raça, hoje, é predominante no Brasil? 

Entre as razões estão a adaptabilidade e a resistência. A musculatura dos animais é bem desenvolvida, com tórax grande, assim como as costelas, pescoço e tronco. Resistente ao calor, o nelore também se adaptou muito bem ao clima brasileiro, além de ser campeão em resistência a parasitas, outro fator que explica a sua preferência local. Com pele oleosa, a raça dificulta a vida dos insetos que tentam sugar o seu sangue, acrescentando mais um ponto positivo na lista de qualidades.   

Raça sadia e vigorosa

A Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB), autoridade no assunto, define a raça como sadia e vigorosa, em termos gerais. “A ossatura é leve, robusta e forte, com musculatura compacta e bem distribuída. A masculinidade e a feminilidade são acentuadas e o temperamento é ativo e dócil”, resume o site da entidade. Ainda de acordo com a ACNB, os bovinos desse tipo apresentam pelagem branca ou cinza-clara, sendo que os machos têm o pescoço e o cupim normalmente mais escuros. 

A cabeça do nelore tem formato de ataúde, com a cara estreita, arcadas orbitárias não salientes e perfil ligeiramente convexo. Fisicamente, os nelores têm ainda o focinho preto e largo, com as narinas dilatadas e bem afastadas. “As orelhas, por sua vez, são curtas, com boa simetria entre as bordas superior e inferior, terminando em ponta de lança”, detalham os especialistas na raça.

E para quem pensa que os nelores são iguais, é interessante informar que existe uma divisão genérica entre animais que apresentam chifres e os mochos (sem chifres). As diferenciações acontecem também entre macho e fêmea. Nos machos, o pescoço é musculoso e com implantação harmoniosa ao tronco. Nas fêmeas, é delicado. Outra característica do nelore é o cupim: nos machos, deve ser bem desenvolvido, apoiando-se sobre o cernelha e, nas fêmeas, deve ser reduzido, de acordo com a ACNB.

Baixo teor de gordura de marmoreio

Na avalição dos criadores, o nelore é a raça que possui a carcaça mais próxima dos padrões exigidos pelo mercado brasileiro. Primeiro porque apresenta porte médio, ossatura fina, leve, porosa e menor proporção de cabeça, patas e vísceras, o que resulta em excelente rendimento nos processos industriais. Já a sua distribuição homogênea da cobertura de gordura valoriza a carcaça da raça. Tecnicamente, a padronização das carcaças nelore otimiza a estrutura industrial e agrega valor aos cortes.

Popular desde o século XIX, quando foi introduzido no país, a raça possui atualmente três linhagens: (1) a original, trazida da Índia; (2) a produzida pelo cruzamento entre os animais pioneiros no país na época da colonização; e (3) aperfeiçoamento genético, que tornou o rebanho brasileiro diferenciado. Uma das características dessa última linhagem é o período especial de aleitamento – dos seis aos oito meses de vida. 

E, para terminar, o destaque fica com a vaca Viatina, considerada a melhor matriz da raça nelore pelos pecuaristas. Em leilão realizado em 2022, ela teve 50% de sua propriedade arrematada por R$ 3,99 milhões, o que significa que estamos falando de um animal que vale aproximadamente R$ 8 milhões. Segundo os especialistas, o valor pago deve ser recuperado rapidamente em função da excepcionalidade da vaca premiada.