Foto: Reprodução/ Mercado e Consumo
proteína animal em 2024
Foto: Reprodução/ Mercado e Consumo

Indústria de proteína animal tem clima de otimismo moderado

Questões climáticas e da economia devem ser os principais direcionadores dessa indústria neste ano

Redação

em 25 de março de 2024


O clima para as vendas de proteína animal no varejo e na indústria é de otimismo moderado para 2024, após um ano de crescimento significativo. As condições climáticas emergem como o principal fator influenciador dessa perspectiva. Roberta Atherino, head da área de Produtos na Horus, destacou durante um debate na Convenção das Américas de Supermercados, na Super Rio Expofood, que “o preço das commodities está intrinsecamente ligado ao clima e ao consumo. Condições climáticas favoráveis resultam em aumento da produção e redução de preços, enquanto o oposto eleva os preços e reduz o consumo.”

Além do clima, a economia desempenha um papel crucial. “As mudanças nos indicadores econômicos em 2023 foram positivas, porém modestas, como a redução da taxa de juros. Contudo, o alto endividamento das famílias e a persistência da inflação sugerem que não devemos esperar um aumento significativo no consumo, mas sim uma estabilidade ou um leve crescimento”, acrescenta Roberta.

Em 2023, o varejo viveu um período de recuperação, com a cesta média do consumidor expandindo de 14 para 17 itens e o gasto médio aumentando para R$ 125. Esse cenário beneficiou vários segmentos, com destaque para a proteína animal.

Proteína animal chega mais forte a 2024

Conforme dados da Horus, a presença de carne bovina nas compras subiu de 1 item por sacola em janeiro para 1,3 no terceiro trimestre. A carne de frango teve um aumento de 1,4 para 1,9 item. Esse crescimento no consumo foi impulsionado pela queda nos preços de carnes e pela melhoria na renda da população, no nível de emprego e pelas políticas de transferência de renda, entre outros fatores. A redução de 13% no preço médio das commodities agropecuárias também contribuiu significativamente para essa dinâmica.

Roberta ressalta a melhoria no cenário, comparado aos anos anteriores, quando havia uma substituição da proteína animal por opções mais acessíveis, como o ovo. Com um ambiente econômico favorável e a superprodução de carne bovina, que levou à queda nos preços, houve um estímulo ao consumo.

Varejo e indústria devem investir em dados e tecnologia

Para varejo e indústria, a colaboração mútua é essencial. A Horus, uma empresa tecnológica voltada ao varejo, enfatiza a importância dos dados para a tomada de decisões. Precisam-se desses dados para definir preços corretamente, considerando não só oferta e demanda, mas também o preço das commodities, a elasticidade de preço e as promoções.

Hoje, o consumidor varejista é exigente, compara preços instantaneamente, e busca uma experiência altamente personalizada. Sem os dados, é desafiador atender a essa demanda por personalização. Ademais, o varejo deve adotar uma abordagem omnichannel, proporcionando uma experiência integrada e positiva, independentemente do canal utilizado pelo consumidor.

Em 2023, houve um aumento de 40% na verba promocional destinada pelas indústrias ao varejo para estimular as vendas. Recentemente, observou-se uma mudança nessa dinâmica, com a indústria bonificando o varejo com base nas vendas ao consumidor. O método é conhecido como “sell out”, o que resultou em um aumento de 20% a 40% nas vendas e em até 13% na margem operacional, conforme explicado por Robson Munhoz, diretor Executivo de Customer Success da Neogrid.

Munhoz também mencionou tendências do varejo, como o media monetization, observadas no evento NRF, em Nova Iorque. Essa estratégia envolve investimentos da indústria em publicidade dentro do varejo para aumentar as vendas, uma abordagem que tem se mostrado mais eficaz por atingir diretamente o consumidor no ponto de venda. Nos EUA, gigantes como Google e Amazon já superam as redes de televisão em receita publicitária nesse contexto.