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Internet rural chega a pequenos produtores de Alagoas

Projeto prevê melhoria na captação de sinal de celular, permitindo maior conectividade no campo

Redação

em 23 de abril de 2024


Um grupo de produtores agrícolas do interior de Alagoas deve ser beneficiado com a melhoria da conectividade no campo, por meio da oferta de internet rural. A iniciativa é um projeto de pesquisa da Neger Telecom, com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e envolve várias comunidades, entre as quais cooperativistas, assentados do Movimento Sem Terra (MST), indígenas e pequenos produtores familiares. Na prática, os dispositivos usados para otimizar a cobertura captam o sinal das redes celulares e viabilizam o acesso à internet nas quatro comunidades atendidas.

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A solução tecnológica envolve o uso de um único equipamento com diversos dispositivos, incluindo antena, amplificador de sinal, modem e roteador. Com isso, é possível ativar uma rede local Wi-Fi IEEE 802.11b/g/n integrado, permitindo velocidades de até 300 Mbps e conexão à internet para as mais diversas aplicações em áreas rurais. A iniciativa viabiliza a conectividade em banda larga, incluindo internet das coisas (IoT) de baixo custo para áreas rurais.

Entre os ganhos de conectividade em banda larga, estão o acesso a recursos de ensino e treinamento online. Ou seja, eles ganham a oportunidade de aprender técnicas de produção agrícola, de vendas, e ter acesso à educação online. Economicamente, as famílias de produtores rurais, que vivem nesses locais muito remotos e carentes, poderão entrar em contato com novos compradores de sua produção agrícola. Normalmente, as vendas são restritas a um único intermediário ou feira local.

Desafios para atender localidades diferentes

Os quatro projetos têm apoio de pesquisadores do programa Recursos Humanos em Áreas Estratégicas (RHAE), financiado pelo CNPq, e são bastante diferentes entre si. Além do tipo de produção e nível de organização, há uma grande heterogeneidade em relação à geografia onde estão esses produtores. Dessa forma, cada localidade apresenta um desafio diferente, no que se refere à instalação dos equipamentos.

Duas das soluções vão atender 35 famílias que produzem frutas e hortaliças no assentamento do MST no município de Messias, a 40 quilômetros de Maceió. Atualmente, elas vendem sua produção um único dia da semana, em uma feira de produtos orgânicos na capital do estado.

Em Messias, os assentados iniciaram, também, um projeto junto à Universidade Federal de Alagoas (UFAL), para produção de plantas alimentícias não convencionais, como o jenipapo, aroeira, araçá do mato e cambuí, que servem de alimento, mas ainda são desconhecidas da maior parte da população.

No agreste alagoano, a 100 km de Maceió, os produtores de leite de Tanque D’Arca também serão beneficiados. Atualmente as famílias vendem seus produtos para um único intermediário. Fora isso, os produtores rurais sofrem com a falta de infraestrutura. Eles precisam se deslocar por grandes distâncias para alcançar os pontos onde o celular tem área de cobertura.

Outro ponto do projeto é a aldeia indígena Kariri Xocó, no município de Aldeia Real do Colégio, na região do baixo São Francisco, a 172 km de Maceió. Atualmente, na área onde ficam as plantações de mandioca, feijão e milho, por exemplo, não há energia elétrica e muito menos internet.

O quarto local do projeto é a Cooperativa dos Agricultores Qualificados (Copaq), em Matriz de Camaragibe, a 75 km de Maceió. Lá, eles produzem coco e mais trinta produtos. “São produtores muito organizados e a internet vai facilitar a comunicação entre eles, além de permitir a capacitação para as famílias”, diz Verçosa.