Sistemas alimentares ganham protagonismo na COP 28

Um total de 134 países assinaram uma das mais importantes iniciativas da COP 28, a Declaração dos EAU sobre Agricultura Sustentável, Sistemas Alimentares Resilientes e Ação Climática. A lista inclui Brasil, Estados Unidos, China e nações da União Europeia (EU), entre outros. Numericamente, estamos falando de aproximadamente 5,7 bilhões de pessoas e 70% dos alimentos que consumimos globalmente. 

E ainda mais importante: um universo de 500 milhões de agricultores. Os países signatários também respondem por 76% das emissões totais do sistema alimentar mundial, segundo o site especializado Rural 21. 

A Declaração confirma que o comprometimento com o Acordo de Paris passa pelo agronegócio e pelos sistemas alimentares. No acordo, fica claro que ambos devem adaptar-se e transformar-se urgentemente, a fim de responder aos imperativos das alterações climáticas, 

Embora os sistemas alimentares sejam vitais para satisfazer as necessidades da sociedade e para permitir a adaptação aos impactos climáticos, eles são também responsáveis ​​por até um terço das emissões globais de gases com efeito estufa (GEE). Muitos pequenos agricultores em países de baixo e médio rendimento também enfrentam uma vulnerabilidade acrescida às alterações climáticas.

Na avalição de Ani Dasgupta, presidente e CEO do World Resources Institute (WRI), a iniciativa ataca de frente a questão da justiça alimentar. “Enquanto muitos nos países mais ricos comem alimentos em excesso, centenas de milhões de outros passam fome. E através desta injustiça estamos aquecendo o planeta”, disse. “Nosso sistema alimentar causa pelo menos um terço das emissões globais, o que provoca mais secas e inundações que destroem as colheitas dos agricultores. O ciclo é vicioso”, completou. 

Sistemas alimentares na COP 28

No site oficial da COP 28, a Agenda dos Sistemas Alimentares e da Agricultura da COP28 é disposta em quatro pilares, abrangendo a liderança nacional, os intervenientes não estatais, o aumento da inovação e o financiamento. A conferência também está trabalhando com representantes de todas as fases do sistema alimentar e da cadeia de valor agrícola, incluindo agricultores, sociedade civil, empresas e governos locais, para acelerar a transição para a agricultura regenerativa.

Entre as iniciativas já anunciadas nessa área estão a parceria entre os EAU e a Fundação Bill & Melinda Gates envolvendo o aporte de US$ 200 milhões para sistemas alimentares, inovação agrícola e ação climática, centrada na investigação agrícola, na expansão das inovações agrícolas e no financiamento da assistência técnica para a implementação da Declaração.

Outro lançamento envolve o Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (WBCSD) e o Boston Consulting Group (BCG). Trata-se da Agenda de Ação sobre Paisagens Regenerativas, que também conta com apoio da ONU. A iniciativa tem como meta fazer com que as principais organizações alimentares e agrícolas unam forças para escalar a agricultura regenerativa. Entre os objetivos está a transição de 160 milhões de hectares para a agricultura regenerativa até 2030. Para suportar essa ação estão previstos US$ 2,2 bilhões em investimentos futuros, envolvendo 3,6 milhões de agricultores em todo o mundo.