Startup desenvolve sistema para selo de qualidade da carne

Metodologia baseada em mais de 10 critérios avalia qualidade da carne e da carcaça.Selo de qualidade vai aumentar transparência.

Joao

em 12 de maio de 2022


A startup Brazil Beef Quality acatou o desafio de criar um sistema 100% brasileiro para a classificação de qualidade das carnes e das carcaças bovinas. Com pesquisa científica, a agritech nascida na Esalq/USP adaptou a classificação de qualidade australiana para o Brasil e desenvolveu metodologia baseada em 15 critérios de avaliação, como ph, área de olho de lombo, ossificação, cor da carne, altura do cupim, nível de marmoreio, maturação e outros. Ela também tem indicadores diferentes, como “a forma que a carcaça é pendurada na planta industrial”.

A metodologia da Brazil Beef Quality ainda traz análises na câmara fria para entrar no selo. Para agilizar o processo, a agritech vai lançar um tipo de aplicativo que consegue fazer análise de todos esses critérios da câmara fria com base em imagens de smartphones. 

Testes sensoriais em feira também são feitos para verificar se a qualidade de todos os critérios reflete na qualidade do produto final, que chegará ao prato do consumidor. 

Qualidade do que chega ao prato

De acordo com o CEO da Brazil Beef Quality, Marcelo Coutinho, a startup já fez mais de 3 mil testes, com expectativa de chegar a 5 mil testes sensoriais até o fim de 2022. Todos esses números servem para aumentar a capacidade do algoritmo criado pela BBQ, e que, no futuro, poderá criar formas para se analisar a carne de maneira automática. 

A nota para a carne pode ir de zero a cem e é concedida a partir do cruzamento dos testes sensoriais com os critérios científicos vistos no frigorífico. 

Se a carne ganhar entre 40 e 60 pontos, o produto é considerado três estrelas, ou seja, bom para ser consumido no dia a dia. Entre 60 e 80 pontos, a carne é muito boa”. E entre 80 e 100 ela é considerada cinco estrelas, o que significa cortes premium. 

Rastreabilidade e transparência no selo

Segundo Marcelo Coutinho, CEO da BBQ, o selo vai trabalhar em parceria com os frigoríficos para que esses últimos saibam o que podem mudar ou o que devem manter na qualidade das carnes. O feedback deve ser feito de maneira digital e, em um segundo momento, automatizada. “O frigorífico vai monitorar a qualidade do que chega e o pecuarista terá o feedback de sua carne”, disse o CEO da BBQ, Marcelo Coutinho, em entrevista ao GloboRural

A metodologia está sendo analisada pela Confederação da Agricultura e Pecuária no Brasil (CNA). Para o coordenador de protocolos e rastreabilidade da CNA, Paulo Costa, isso é essencial para a discussão sobre o selo de qualidade brasileiro. “O importante é voltar para dentro da fazenda com informação para o produtor correr atrás de melhorar o seu manejo ou ver que o resultado do seu investimento em genética e manejo deu certo”, disse Costa à entrevista mencionada acima.