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Tecnologia blockchain garante procedência do gado

Em podcast, especialistas discutem rastreabilidade e monitoramento na cadeia de produção de carne

Redação

em 2 de janeiro de 2023


Como adquire cerca de 40% do gado no Brasil de produtores baseados na Amazônia, a Marfrig faz o rastreio e monitoramento de seus fornecedores, principalmente para identificar a origem dos animais. O objetivo é garantir que a carne que produz não contribui com o desmatamento. Um dos recursos que ela adotou é a plataforma Conecta, que utiliza a tecnologia blockchain para criar um sistema que facilita a troca de informações da cadeia pecuária até o frigorífico. 

A plataforma permite que os produtores rurais compartilhem, voluntariamente, dados ambientais de suas fazendas, bem como informações sanitárias de seus rebanhos. Os dados são agregados dentro da Conecta e fornecem um status da situação socioambiental de cada produtor, baseada em dados oficiais dos estados e da União.

“Temos de assegurar que a produção ao longo da cadeia de valor esteja aderente às melhores práticas ambientais, porque temos de dar transparência para o nosso acionista, para o cliente (varejistas) e para o consumidor final”, explicou Paulo Pianez, diretor de Sustentabilidade e Comunicação Corporativa da Marfrig. O executivo detalhou o uso do blockchain no podcast Isso Também é Floresta, uma série do site Um Só Planeta.

Soluções para combater o desmatamento

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Pianez explicou que a cadeia da proteína animal enfrenta dois grandes problemas. O primeiro é o crime de desmatamento, que ele resumiu ser questão de polícia e fiscalização do poder público. O executivo lembrou ainda que as companhias atuam no sentido de identificar de quem estão comprando seu gado. 

O segundo grande problema é entender a realidade de quem produz, “para que juntos a gente possa endereçar soluções, se, efetivamente, a gente quiser fazer parte da solução”.

Ele citou o papel de conhecer a cadeia de valor e poder identificar a origem do animal que vai ser abatido desde o momento em que ele nasce até o momento que é engordado e deslocado para a indústria. A plataforma Conecta tem o poder de trazer esse conhecimento, segundo Pianez.

Além de conseguir rastrear e monitorar, a maior vantagem está na segurança passada para o produtor de que as informações fundamentais vão chegar até a produção da carne no frigorífico. “É com essa gama de instrumentos e de sistemas que vamos conseguir assegurar o rastreamento e o controle da produção, levando para o cliente, lá na ponta, a informação que a carne que ele está comprando é livre de desmatamento”, afirmou Pianez.

Produção consciente 

Virgílio Correa, diretor de produtos da Safe Trace, desenvolvedora da Conecta, explicou que a  plataforma foi criada com a intenção de ser inclusiva. A ideia não é excluir o produtor que não segue as regras e permitir que somente quem aplica as melhores práticas possa vender, mas sim conscientizar toda a cadeia de proteína.

“A Conecta nasce com essa lógica de ser inclusiva, de pegar não só aqueles produtores que neste momento estão aplicando as melhores práticas, mas também trazer aqueles que têm problemas, que por um acaso estão embargados, que têm algum desmatamento, para recuperá-los e dar transparência para que eles passem a adotar as boas práticas”, disse.