agricultura regenerativa

Estudo aponta desafios e oportunidades da agricultura regenerativa no Brasil

Avaliação do CEBDS mapeia melhorias e propõe soluções para o avanço dessa técnica, que pode contribuir com a segurança alimentar do país e do planeta

Redação

em 2 de janeiro de 2024


O Brasil vem sofrendo com a ausência de métricas e definições mais abrangentes relacionadas à agricultura regenerativa. Esta é uma das conclusões apontadas pelo estudo “Agricultura Regenerativa no Brasil: Desafios e Oportunidades”, que foi lançado pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) durante a COP 28, em Dubai.

O estudo foi realizado após uma série de workshops realizados pela Câmara Temática de Sistemas Agroalimentares do CEBDS, e teve a participação de representantes do setor público, privado, academia e sociedade civil.

A ausência de métricas representa um impasse para a promoção da prática da agricultura regenerativa no Brasil. Por isso, o estudo sugere ainda a criação de novas definições que contemplem a pluralidade das práticas agrícolas sustentáveis e conservacionistas, adaptadas à realidade brasileira. 

“A implementação da agricultura regenerativa no Brasil é uma estratégia importante para reduzir as emissões de gases do efeito estufa e assim colocar o setor de alimentos como um importante ator no combate às mudanças climáticas, além de aumentar a resiliência aos impactos destas mudanças sobre a produção de alimentos. Contribui, portanto, também para a segurança alimentar e para a produção de alimentos saudáveis e acessíveis a todos”, apontou Juliana Lopes, diretora de Natureza e Sociedade do CEBDS.

Definição de regras e conceitos 

De acordo com o CEBDS, falta uma definição de regras e conceitos comuns no Brasil, e isso traz desafios extras aos empreendedores e à implementação da agricultura regenerativa. 

Nesse sentido, o estudo elaborado pelo CEBDS tem a pretensão de esclarecer práticas, e estabelecer métricas, como sugestão para subsidiar mais políticas públicas voltadas ao fomento e implementação da solução. Exemplo disso seria o Programa RenovAgro (Plano Safra 2023/2024).

As lacunas de implementação da agricultura regenerativa também são apontadas pelo estudo, assim como a ausência de um conceito e uma definição para o termo agricultura regenerativa no Brasil.

Ainda segundo o estudo, falta um marco regulatório sobre o tema, além da necessidade da construção de critérios e métricas que analisem e comprovem se os resultados do sistema produtivo regenerativo são reais e foram atingidos. Isso viabiliza a certificação para um produtor agrícola, com um “selo de produção agrícola regenerativa”, por exemplo. 

Os impactos positivos da agricultura regenerativa também devem ser considerados, pois geram não só a conservação, mas também a reabilitação de sistemas alimentares e agrícolas, assim como a recuperação e a manutenção do solo e o aumento da biodiversidade.  

A agricultura regenerativa melhora o ciclo hidrológico, o manejo da paisagem e serviços ecossistêmicos, a adaptação às mudanças climáticas, além da redução das emissões de Gases Efeito Estufa (GEE), podendo até anular essas emissões. Mais importante ainda, ela auxilia no combate à insegurança alimentar.

Estimulação para o desenvolvimento da agricultura regenerativa no Brasil

De acordo com o estudo do CEBDS, a promoção da agricultura regenerativa no Brasil pode ser estimulada de diversas formas, e tanto pelo setor público quanto pelo privado, e sugeriu algumas práticas: 

  • Tecnologias voltadas à agricultura de baixo carbono; 
  • Capacitação de produtores rurais com técnicas mais sustentáveis e produtivas;
  • Instrumentos financeiros: a exemplo do crédito rural subsidiado, incluindo políticas de preços; 
  • Políticas de comando e controle.

Sobre as empresas que já praticam iniciativas de agricultura regenerativa no Brasil, o documento aponta exemplos que vão “do campo à mesa”, demonstrando um esforço do setor em diversas áreas em prol de práticas mais sustentáveis.

“O setor empresarial brasileiro destaca seu papel crucial na promoção da agricultura regenerativa, sugerindo ferramentas como pesquisas em práticas agrícolas, assistência técnica, instrumentos financeiros, incentivos fiscais e políticas de comando e controle para estimular a produção agrícola sustentável”, disse explica Carla Gheler, coordenadora de Sistemas Agroalimentares do CEBDS. “Para o futuro, as empresas brasileiras estão comprometidas em liderar discussões, subsidiar políticas públicas e contribuir para a implementação da agricultura regenerativa no país. Elas acreditam que essa estratégia é fundamental para reduzir as emissões de gases do efeito estufa, fortalecer a segurança alimentar e promover a produção de alimentos saudáveis e acessíveis para todos”, completou.