arabia saudita na cop 28

Arábia Saudita precisa ir além do petróleo na COP 28

País deve destacar esforços recentes para um roadmap futuro em função de sua dependência histórica de receita

Redação

em 18 de agosto de 2023


As expectativas de participação da Arábia Saudita na COP 28 são grandes, segundo o site de notícias UN Climate Summit. Assim como o Brasil deve se posicionar como líder em agropecuária sustentável, o grande produtor de petróleo do Oriente Médio terá uma agenda própria, incluindo informações sobre emissões locais de gases de efeito estufa (GEE) de suas exportações.

Outros dois focos da Arábia Saudita devem ser a otimização do ciclo da água e do resfriamento em várias localidades do país. As inciativas podem envolver a adoção de código de construção verde e reformas prediais, bem como o uso de água reciclada para resfriamento distrital, em vez de água dessalinizada.

O aumento de esforços na diversificação econômica, distanciando-se da extração de combustíveis fósseis, e o desenvolvimento de setores econômicos de baixo carbono, também estariam entre as metas do país. Ainda de acordo com o UN Climate Summit, outro objetivo da Arábia Saudita seria transformar o mix de energia por meio de metas mais ambiciosas para fontes renováveis, apesar dos incentivos menores para fazê-lo, devido aos preços do petróleo.

Entre os fatos recentes, a publicação destaca o projeto da NEOM, cidade no noroeste e que poderá ter um projeto de usina de amônia para geração de hidrogênio verde, com investimentos de US$ 5 bilhões.

Arábia Saudita na COP 28: país reafirma os compromissos do Acordo de Paris

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Rick Bajornas/UN Photo via Flickr

Outro ponto de atenção é que a estatal Saudi Aramco (que já foi a empresa mais lucrativa do mundo, com quase o dobro dos ganhos da empresa número dois, a Apple, em 2018), contribuiu mais do que qualquer outra organização para as emissões globais de dióxido de carbono desde 1965. Mas, como está listada em bolsa desde 2019, a companhia poderá passar por um maior escrutínio internacional, inclusive em torno de questões relacionadas ao clima.

O site ressalta ainda o desejo existencial da Arábia Saudita em diversificar sua economia para além dos combustíveis fósseis, o que seria uma oportunidade para melhorar as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC).

Oficialmente, a Arábia Saudita reafirma seu compromisso com as metas do Acordo de Paris e com a obtenção de co-benefícios de mitigação por meio da diversificação e adaptação econômica. As ações, projetos e planos detalhando suas NDCs têm a meta de reduzir, evitar e remover as emissões de GEE em 278 milhões de toneladas de CO2eq anualmente até 2030, tendo 2019 como o ano base para esta NDC.

Segundo a documentação pública, os números representariam um aumento de mais de duas vezes em relação ao anterior, conforme (130 milhões de toneladas de CO2eq). As ambições dependem do crescimento econômico de longo prazo e da diversificação, com uma robusta contribuição das receitas de exportação de hidrocarbonetos para a economia nacional.

Entre os desafios, a imprensa internacional destaca que, apesar do potencial de o país se posicionar como grande player na área de hidrogênio, a Arábia Saudita está longe desses mercados. A lista de fraquezas em relação à agenda ambiental inclui ainda a dependência histórica das receitas de petróleo, a limitada participação de energias renováveis em seu mix e a restrição à liberdade de expressão.