A gigante China na COP 28
País está comprometido com as causas climáticas e segue o pensamento do presidente Xi Jinping sobre a Civilização Ecológica e Diplomacia
Um recente artigo publicado no Earth System Science Data, mostrou uma análise realizada pelos satélites da NASA para calcular quanto dióxido de carbono é emitido por cada país no mundo. Os dados de satélite revelaram que a China é o principal emissor global de CO2. Além dela, o grupo dos 10 maiores emissores é composto por Estados Unidos, Índia, Indonésia, Malásia, Brasil, México, Irã, Japão e Alemanha. Diante disso, a participação da China na COP 28 é considerada crucial para o sucesso da conferência, uma vez que muitos olhares estarão voltados para as ações que o país adotou para reduzir os impactos das mudanças climáticas.
De acordo com Karen St. Germain, diretora da Divisão de Ciências da Terra da NASA, os dados podem ajudar os governos a traçarem planos reais de mitigação. “A NASA está focada em fornecer dados que abordam os desafios climáticos do mundo real, os quais podem ajudar governos de todo o mundo a medir o impacto de seus esforços de mitigação de carbono”, explicou.
Um dos momentos mais esperados na COP 28 será o primeiro balanço global para conferência dos compromissos assumidos no Acordo de Paris. Ou seja, os países signatários deverão apresentar não apenas seus planos, mas as ações reais que cada um adotou para ajudar o mundo a limitar o aquecimento global.
Nesse sentido, países menos desenvolvidos devem apresentar a falta de financiamento climático como dificuldade para colocar projetos em prática – o que não é o caso da China.
A NDC chinesa
Em sua Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC), o presidente Xi Jinping reiterou que o enfrentamento às mudanças climáticas é uma iniciativa da própria China.
O país considera o enfrentamento às mudanças climáticas como um ponto de partida para impulsionar o desenvolvimento econômico de alta qualidade, com proteção ambiental de alto nível e a construção de uma civilização ecológica. A China sabe o que precisa ser feito para alcançar o desenvolvimento sustentável e por isso tem um plano de ação claro e bastante viável. A China, na COP 28, deve apresentar como está conseguindo antecipar suas metas com a execução de ações em todo o país.
Outra característica chinesa é que o governo incorporou a mudança climática aos planos nacionais de desenvolvimento econômico e social, dando igual ênfase à mitigação e à adaptação. “A Terra é o nosso lar compartilhado, por isso nunca devemos relaxar nossos esforços para lidar com as mudanças climáticas”, destacou o presidente chinês.
A ideia, de acordo com a NDC do país, é manter uma abordagem centrada nas pessoas, para cultivar novos incentivos verdes e de baixo carbono para a sociedade, estabelecendo, assim, uma estrutura econômica sólida para o desenvolvimento verde, de baixo carbono e circular. Tudo para acelerar o desenvolvimento sustentável e o processo de desenvolvimento circular, garantindo a segurança energética e incentivar modos de vida simples, mais ecológicos e de baixo carbono.
Energias renováveis
As emissões de CO2 da China foram aceleradas a partir do ano 2000, acompanhando o rápido desenvolvimento do país. De acordo com a Enerdata, ainda em 2020, os combustíveis fósseis representavam cerca de 87% da matriz energética doméstica da China, sendo 60% do carvão, 20% do petróleo e 7% do gás natural.
Para reverter esse cenário, hoje a China tem o maior mercado global de energias renováveis, sendo líder em capacidade instalada de energia solar e eólica. O país tem como meta ter 80% da matriz energética de energias renováveis até 2060. Exemplo disso é que o país apresentou um crescimento de 33,7% no primeiro trimestre de 2023, em capacidade instalada de energia renovável.
Em junho deste ano, a China entregou a primeira etapa da construção de uma megaestação hidrossolar, por exemplo. Com área aproximada de 16 quilômetros quadrados, a unidade está sendo projetada para comportar 2 milhões de painéis solares. A usina hidrelétrica-fotovoltaica terá capacidade instalada de 1GW. Na prática, trata-se de energia suficiente para carregar cerca de 15 mil veículos elétricos em apenas uma hora.
China na COP 28: sustentabilidade e agro sustentável
A China está comprometida com as causas climáticas e segue o pensamento do presidente Xi Jinping sobre a Civilização Ecológica e Diplomacia. Por isso, busca uma nova visão de desenvolvimento inovador, coordenado, verde, aberto e compartilhado.
O país está aprimorando o sistema de combate às mudanças climáticas, reforçando o controle sobre as emissões de GEE e aumentando sua capacidade de adaptação e cooperação internacional sobre o tema. A ideia é promover a implementação de forma eficaz das medidas sugeridas pela Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC) e o Acordo de Paris.
Para incentivar a agricultura sustentável, o governo colocou em prática alguns programas voltados para irrigação eficiente, a redução do uso de fertilizantes e pesticidas de baixa toxicidade e a rotação de culturas. O governo também criou uma nova regulamentação para o agronegócio, tendo como objetivo a redução da degradação ambiental. Além disso, o governo está investindo em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias agrícolas sustentáveis, para propagar o novo modo de cultivo em todo o país.
Um ano após o lançamento do Plano de Ação para o Desenvolvimento Sustentável da Agricultura, o governo anunciou o financiamento de pesquisas. A agropecuária é um dos setores mais importantes da economia chinesa, dada a demanda de garantir a segurança alimentar no país mais populoso do mundo. Nesse sentido, o país trabalha para ampliar as práticas sustentáveis ao mesmo tempo em que amplia a capacidade de produção de alimentos.