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Como a ingestão de carne ajudou na evolução humana

Evolução humana, como a estrutura do rosto e o tamanho do cérebro, foi moldada com a ingestão de carne, defendem pesquisadores de Harvard

Redação

em 23 de maio de 2022


A ingestão de carne vermelha foi um dos fatores que ajudaram a face humana a chegar ao ponto que está hoje em dia. A carne crua mudou não só o formato dos dentes, como também o tamanho do nosso do cérebro e a boca. É o que descobriram os pesquisadores Daniel Lieberman e Katherine Zink, da Universidade de Harvard. 

Em artigo publicado na revista Nature, eles argumentam que a alimentação no paleolítico e o uso de ferramentas cortantes – exatamente feitas para o manuseio da carne – foram os gatilhos que liberaram os primeiros humanos para desenvolver um aparelho de mastigação menor.

A evolução humana no mastigar

Os pesquisadores descobriram que a dieta composta de um terço de carne e o uso de ferramentas de pedra para processar minimamente o alimento diminuiu em 17% o tempo de mastigação, levando a espécie a usar 26% menos de energia em comparação a uma dieta completamente feita por vegetais e raízes.Levando em conta que os nossos ancestrais tinham de mastigar cerca de 15 milhões de vezes por dia para continuarem vivos se apenas comerem raízes, o ganho de tempo é essencial para a conta de calorias ficar a favor do corpo humano.

“Mastigar é algo que não damos tanta atenção, afinal, hoje em dia não mastigamos com tanta frequência para pensar nisso. Mas um chimpanzé, por exemplo, passa metade do dia mastigando”, explicou Lieberman em entrevista à Smithsonian Magazine. “Se você é um ancestral australopiteco do Homo, provavelmente passa metade do dia mastigando. E mais tarde passamos por algumas transições incríveis em nossa história evolutiva, onde agora mastigamos tão pouco que mal pensamos nisso”,. 

O professor explicou que o ganho de energia com a dieta mais rica, bem como com o menor tempo de mastigação acabou dando um gás para o corpo da espécie anterior ao homo erectus. 

Evolução humana teve ferramentas por causa da carne

A mastigação só pode ser afetada por causa de um outro detalhe que não é, na verdade um mero detalhe: as ferramentas de pedra. “Não é uma coincidência que as evidências mais antigas de ingestão de carne acontecem na mesma época que a produção de ferramentas. Sabemos que a evolução da ingestão de carne pediu a existência de ferramentas de pedra. E isso teve um efeito gigante na nossa biologia”, disse o professor.

Ao aprender a cortar a carne para comer, os ancestrais humanos puderam deixar para trás as mandíbulas e os dentes grandes para dar espaço a outros órgãos. Como aqueles que levam o desenvolvimento da fala, e os de tamanho do crânio. Isso tudo levou também ao crescimento do cérebro, já que a proteína foi essencial para fornecer mais calorias com menos esforços aos humanos. O rosto humano também se alterou com a mandíbula menor, e ganhou o perfil que conhecemos. 

O que veio primeiro: a carne ou a cozinha?

A pesquisa de Liebermann e Zink também mostra que o ato de usar o fogo para “amaciar” a carne não foi o que massificou a carne na alimentação. As primeiras evidências de uso do fogo para cozinhar aparecem há 500 mil anos atrás. Já os primeiros dados sobre o aumento do consumo de carne há, pelo menos, 2,6 milhões de anos.