Gestão de insumos: água e alimentos escondem perigos às criações
A correta gestão de insumos, principalmente a água e os alimentos, pode evitar a contaminação dos animais da fazenda
Obter água em volume e qualidade necessários para as plantações e os animais de fazenda e, ao mesmo tempo, usar o insumo de forma responsável e economicamente viável, é um desafio para os criadores. Por isso, o cuidado com a água é um dos destaques quando o assunto é gestão de insumos em fazenda, e ela pode ser abordada por duas óticas: reúso e contaminação.
A água de reuso pode ser coletada de telhados, águas pluviais, efluentes agrícolas (como galpões de laticínios ou pocilgas), escoamento de irrigação ou águas residuais de processamento de alimentos e vinícolas. A qualidade dessa água é definida por sistemas de classificação, sendo que as notas mais elevadas dizem respeito à água com tratamento, e que costuma ser adequada para o uso em pastagens irrigadas, frutas e legumes. A água menos tratada, por outro lado, serve somente para irrigar produtos não alimentares, como relva e plantações.
Diversas pragas e doenças podem sobreviver por muito tempo na água até encontrar outro hospedeiro, e isso explica a necessidade de ações para manter a água descontaminada. Conheça, a seguir, 8 dessas ações:
- Inspecione as fontes de água regularmente, assegurando-se de que elas estão protegidas de animais selvagens.
- Mantenha os bebedouros altos o suficiente para minimizar a contaminação por fezes de animais.
- Limpe os bebedouros regularmente para evitar o acúmulo de contaminantes.
- Cubra as fontes de água sempre que possível, evitando a contaminação fecal por animais selvagens.
- Não permita que a água fique parada, pois pode atrair insetos e outras pragas que espalham doenças.
- Inspecione regularmente todos os tanques de armazenamento de água para garantir que não tenham sido comprometidos por animais selvagens ou contaminados quimicamente.
- Use canais de distribuição de água, garantindo que sementes de ervas daninhas e pragas não tenham acesso a áreas seguras da propriedade.
- Verifique as áreas ao redor dos cursos d’água para novas ervas daninhas.
Gestão dos alimentos é fundamental
Assim como a água, os alimentos podem contaminar os animais. No Brasil e na maior parte do mundo é proibido administrar alimentos que contenham proteína de origem animal em animais ruminantes (bovinos, bubalinos, caprinos e ovinos). Aqui, a proibição está prevista na Instrução Normativa nº 41/2009, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), e o motivo principal é porque esse tipo de alimentação está ligada à disseminação da encefalopatia espongiforme bovina (doença da vaca louca).
Os cuidados devem se estender ao manejo e armazenamento de alimentos dessa natureza, caso os criadores os apliquem em outras culturas agropecuárias. De modo geral, as rações que contêm resíduos animais devem ficar distantes das que não contêm, e todos os trabalhadores envolvidos no processo devem estar atentos a isso.
O armazenamento dos alimentos demanda outros cuidados além da separação entre os que contêm ou não origem animal. Um deles consiste em evitar a disseminação de pragas que podem contaminar os alimentos ou reduzir a sua validade, já que alimentos vencidos costumam abrigar organismos patogênicos e pragas prejudiciais ao gado.
Além disso, é preciso manter a ração sempre em área limpa e seca, em depósitos cobertos e que passem por inspeções regulares. Os comedouros também precisam ser limpos regularmente, pois o alimento fica ali armazenado por algumas horas e podem ser expostos a contaminantes.
Outra dica é quanto ao descarte das rações velhas ou estragadas. É preciso ter o cuidado de dispensá-las longe, onde não haja hipótese de contato dos gados com elas.
A compra dos alimentos também é ponto de atenção, sendo o primeiro deles a solicitação de uma Declaração de Fornecedor de Commodities (CVD). Também é indicado inspecionar as rações, certificando que elas não contenham alta proporção de sementes de ervas daninhas, que podem se propagar pela propriedade.