gestão de insumos

Gestão de insumos: água e alimentos escondem perigos às criações

A correta gestão de insumos, principalmente a água e os alimentos, pode evitar a contaminação dos animais da fazenda

Roberto Francellino

em 13 de abril de 2022


Obter água em volume e qualidade necessários para as plantações e os animais de fazenda e, ao mesmo tempo, usar o insumo de forma responsável e economicamente viável, é um desafio para os criadores. Por isso, o cuidado com a água é um dos destaques quando o assunto é gestão de insumos em fazenda, e ela pode ser abordada por duas óticas: reúso e contaminação.
A água de reuso pode ser coletada de telhados, águas pluviais, efluentes agrícolas (como galpões de laticínios ou pocilgas), escoamento de irrigação ou águas residuais de processamento de alimentos e vinícolas. A qualidade dessa água é definida por sistemas de classificação, sendo que as notas mais elevadas dizem respeito à água com tratamento, e que costuma ser adequada para o uso em pastagens irrigadas, frutas e legumes. A água menos tratada, por outro lado, serve somente para irrigar produtos não alimentares, como relva e plantações.
Diversas pragas e doenças podem sobreviver por muito tempo na água até encontrar outro hospedeiro, e isso explica a necessidade de ações para manter a água descontaminada. Conheça, a seguir, 8 dessas ações: 

  1. Inspecione as fontes de água regularmente, assegurando-se de que elas estão protegidas de animais selvagens.
  2. Mantenha os bebedouros altos o suficiente para minimizar a contaminação por fezes de animais.
  3. Limpe os bebedouros regularmente para evitar o acúmulo de contaminantes.
  4. Cubra as fontes de água sempre que possível, evitando a contaminação fecal por animais selvagens.
  5. Não permita que a água fique parada, pois pode atrair insetos e outras pragas que espalham doenças.
  6. Inspecione regularmente todos os tanques de armazenamento de água para garantir que não tenham sido comprometidos por animais selvagens ou contaminados quimicamente.
  7. Use canais de distribuição de água, garantindo que sementes de ervas daninhas e pragas não tenham acesso a áreas seguras da propriedade.
  8. Verifique as áreas ao redor dos cursos d’água para novas ervas daninhas.

Gestão dos alimentos é fundamental

Assim como a água, os alimentos podem contaminar os animais. No Brasil e na maior parte do mundo é proibido administrar alimentos que contenham proteína de origem animal em animais ruminantes (bovinos, bubalinos, caprinos e ovinos). Aqui, a proibição está prevista na Instrução Normativa nº 41/2009, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), e o motivo principal é porque esse tipo de alimentação está ligada à disseminação da encefalopatia espongiforme bovina (doença da vaca louca).
Os cuidados devem se estender ao manejo e armazenamento de alimentos dessa natureza, caso os criadores os apliquem em outras culturas agropecuárias. De modo geral, as rações que contêm resíduos animais devem ficar distantes das que não contêm, e todos os trabalhadores envolvidos no processo devem estar atentos a isso.
O armazenamento dos alimentos demanda outros cuidados além da separação entre os que contêm ou não origem animal. Um deles consiste em evitar a disseminação de pragas que podem contaminar os alimentos ou reduzir a sua validade, já que alimentos vencidos costumam abrigar organismos patogênicos e pragas prejudiciais ao gado.
Além disso, é preciso manter a ração sempre em área limpa e seca, em depósitos cobertos e que passem por inspeções regulares. Os comedouros também precisam ser limpos regularmente, pois o alimento fica ali armazenado por algumas horas e podem ser expostos a contaminantes.
Outra dica é quanto ao descarte das rações velhas ou estragadas. É preciso ter o cuidado de dispensá-las longe, onde não haja hipótese de contato dos gados com elas.
A compra dos alimentos também é ponto de atenção, sendo o primeiro deles a solicitação de uma Declaração de Fornecedor de Commodities (CVD). Também é indicado inspecionar as rações, certificando que elas não contenham alta proporção de sementes de ervas daninhas, que podem se propagar pela propriedade.