hamburguer de laboratorio

Hambúrguer de laboratório? Startup testa células “editadas” para carne

SciFi Foods busca maneiras de baratear o hambúrguer de laboratório a partir da CRISPR, tecnologia de edição de genes

Redação

em 25 de janeiro de 2023


Essa startup está em busca da carne perfeita, mas feita toda do zero dentro de um ambiente controlado, e sem precisar de animais. Chamada SciFi Foods, a companhia norte-americana quer criar um hambúrguer de laboratório em escala industrial. Para isso, eles testam uma tecnologia ousada: a edição genética.

A SciFi Foods cria células de bovinos para fazer a carne e utiliza o CRISPR, um processo que “edita” o genoma e permite deletar partes do DNA. Usando o CRISPR, a empresa pode fazer pequenas alterações nas células para que mudem seu comportamento para crescer em grande escala. Entre os investidores da companhia estão Andreessen Horowitz, um gigante do mercado de startup do Vale do Silício, e a banda britânica Coldplay. 

O desafio é o custo

A carne de laboratório já está na boca do mercado faz tempo. Pelo menos desde 2013, quando um cientista holandês conseguiu criar o primeiro hambúrguer de carne bovina cultivado no laboratório. Com um detalhe nada trivial: a refeição teria o custo de US$ 330 mil. Muito mais do que qualquer Wagyu.

hamburguer de laboratorio
Kasia Gora
(Reprodução – SciFi Foods)

Isso acontece porque, diferente de pássaros e peixes, as células de mamíferos são mais complicadas e caras de manusear.  “Este é um desafio porque, como você sabe, a cultura de células de mamíferos é muito cara”, disse Kasia Gora, bióloga sintética e cofundadora da empresa de carne cultivada com células SCiFi Foods, em entrevista ao site Popular Science. Atualmente, as empresas biofarmacêuticas são os principais desenvolvedores de laboratório em larga escala de células de mamíferos, explica Gora. 

Esta pesquisa de linha celular tem sido importante no desenvolvimento farmacêutico em estágio inicial, mas os processos são caros. “Funciona e é fantástico se você puder cobrar US$ 1.000.000 por grama pelo seu produto. Mas a comida tem que ser barata”, alertou Gora.

CRISPR ou Gene Editing

E é aí que entra o CRISPR, o processo que permite a edição de genes e traz a biologia sintética para criar linhas de células bovinas em série.  “A ideia é que as células produzidas sejam de carne, mas que cresçam tal qual uma célula-tronco e se desenvolvam bem, se multiplicando em uma suspensão de célula única”, disse o CEO da SciFi Foods, Joshua March, em entrevista à Fast Company.

Usando o CRISPR Cas9, os cientistas podem reduzir as funções de certos genes ou substituí-los por outros genes e ter a certeza de que as células estão crescendo bem A equipe pode então colocar essas células em biorreatores, que são recipientes feitos para o cultivo de organismos sob condições controladas, tornando o aumento de escala bastante simples.

“Com o CRISPR, teremos linhagens celulares que não precisam de fatores de crescimento, apenas cultura celular simples: açúcares, gordura, aminoácidos”, explicou March.  

Hamburguer de laboratório para o prato

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Reprodução – SciFi Foods

A meta da SciFi é chegar ao custo de US$ 1 por hambúrguer em escala comercial, mas num primeiro momento, o preço deve ficar em torno de US$ 10. A abordagem da startup, diferente de muitas outras que cultivam carnes de laboratório, é usar as células para misturar em hamburgueres plant based. 

Para chegar ao custo final, a companhia fazer uma mistura de células “SciFi”, ou seja, modificadas geneticamente (entre 5% e 20%) em hambúrgueres plant based. Pelo menos num primeiro momento. 

Todo o processo da edição genética ainda está sendo aprovado pelas autoridades norte-americanas de regulação, mas o CEO da companhia, March, diz que há uma colaboração para dar viabilidade comercial ao projeto. Para ele, é uma questão de tempo, de menos de um ano, para que este hamburguer chegue no prato das pessoas.