Marcelo Furtado e Marcella Molina
creditos de biodiversidade
Marcelo Furtado e Marcella Molina

Marcelo Furtado fala das discussões sobre créditos de biodiversidade na COP 28

Especialista da WRI e membro do Comitê de Sustentabilidade da Marfrig acompanha apresentações sobre o tema em Dubai

Redação

em 12 de dezembro de 2023


Marcelo Furtado é diretor de Sustentabilidade e sócio fundador da ZScore/BlockC, uma plataforma de rastreabilidade de ativos ambientais que utiliza o blockchain como tecnologia principal. Além disso, é presidente do Conselho do WRI Brasil e integrante do Comitê de Sustentabilidade da Marfrig e da Duratex. Ele é um dos integrantes da comitiva oficial da Marfrig na COP 28, em Dubai, e falou, ao Prato do Amanhã, sobre as suas impressões em um dos paineis mais comentados do evento: sobre créditos de biodiversidade. Veja os principais trechos comentados por Furtado. 

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Marcelo Furtado (Foto: Marfrig/Divulgação)

Como foi participar do painel sobre créditos de biodiversidade?

Participamos de um painel do Banco Interamericano que trouxe a importância dos créditos de biodiversidade e dos mercados de natureza. Eu diria que o mais interessante do painel foi mostrar que a inclusão de indígenas não é apenas um exercício de ouvir, mas que eles estão absolutamente preparados para desenhar instrumentos financeiros que valorizem os serviços ecossistêmicos. Participar desse processo é garantir que a riqueza gerada nele, e por esses produtos, seja compartilhada com as comunidades. Ou seja, a estratégia de manutenção de uma floresta em pé ou a restauração, é algo que não só eles podem contribuir e participar, mas que eles tem desejo em desenvolver e garantir que eles façam parte da prosperidade gerada por esses produtos.

Como avalia o nível dessa discussão?

Não foi uma discussão romântica. Foi uma discussão prática, onde estava muito claro que a gente tratava da metodologia de produtos financeiros, regras de engajamento e de como garantir que essa repartição de benefício seja justa. O fato de isso acontecer com um banco multilateral, como o Interamericano, que faz esse tipo de investimento, mostrou que estamos em uma nova era, na qual o setor privado, a academia e a sociedade estão, juntos, entendendo a urgência de fazer as coisas darem certo. Mecanismos assim ajudam a manter a floresta em pé e a conciliar a vida e as atividades produtivas.

E como ficam os produtores neste cenário?

Eu acho que, para aqueles produtores que têm áreas degradadas, que estão olhando para “como é que eu faço para recuperar”, aqui a gente está discutindo mecanismos financeiros e investimentos. Isto pode ser feito para restaurar áreas e garantir não só que se esteja em regularidade, mas que contribua com essa crise climática que estamos enfrentando. 

Como pensar nesses mecanismos de créditos e biodiversidade que estão sendo discutidos na COP?

A questão é como medir o que está sendo discutido sobre o carbono e o crédito de biodiversidade? Além de ser discutido para as comunidades, também é uma forma para o produtor conseguir manter a floresta em pé e gerar recursos. Afinal, interessa mais as pessoas ganharem dinheiro mantendo a floresta em pé, do que desmatando. Isso é um ponto muito importante colocado pelo próprio banco. Que isso seja feito com muita integridade, com muita qualidade, porque também está cheio de picareta por aí oferecendo o produto que não é o correto. A gente precisa ter certeza de que haja um controle de qualidade para que o engajamento seja feito com quem está realmente a fim de fazer direito, e de um modo que seja bom para o planeta e para as pessoas, assim como para o gestor da terra como para uma comunidade indígena.