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Mercado de carbono: falta de métricas explica exclusão do agro

Mercado de carbono: falta de métricas explica exclusão do agro

Redação

em 6 de maio de 2024


A engenheira de alimentos Helen Jacintho tem mais de 15 anos de experiência no setor agro e resumiu, em um artigo para a revista Forbes, o porquê de o setor ter ficado de fora do atual projeto de lei que regulamentará o mercado de carbono. Ela lembra que essa é uma tendência global, observada em mercados mais maduros, e a razão principal é a falta de métricas e metodologias para medir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) no agro.

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Além de medir os GEE, a captura do carbono na produção rural é outra etapa complexa, uma vez que as plantas usam esse elemento em seu crescimento. Parte do carbono fornece energia para elas, enquanto outra parte é fonte também de energia para os microrganismos presentes no solo. E mais: são esses microrganismos que criam as complexas e estáveis formas de carbono. Em resumo: o solo continuará armazenando carbono por centenas de milhares de anos, estocando o elemento.

O ciclo do carbono no mercado agropecuário é singular e exige uma medição complexa para aferir, de fato, o quanto de carbono foi removido na produção de alimentos.

Como o Brasil é um grande produtor agropecuário, é fácil de entender que o setor seja responsável por 25% das emissões de GEE no país, de acordo com estudo da Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputados. Para Helen, não tem como ser diferente: nossa agropecuária emite muito, pois produzimos muito. O errado, segundo ela, é tratar um dos setores mais produtivos da economia nacional como devedor.

Brasil tem plano de agropecuária de baixo carbono

A especialista lembra que o agronegócio emprega mais de 28 milhões de brasileiros e o país tem uma política de agropecuária de baixo carbono, o plano ABC, que foi recentemente turbinado para plano ABC+ . Helen destaca que a agropecuária brasileira mitigou 170 milhões de toneladas de CO2 equivalente em uma área de 52 milhões de hectares, no período de 2010 a 2020. Esses números mostram que a meta inicial foi ultrapassando em 46,5%. Já a meta para 2020-2030 é ambiciosa: reduzir a emissão de carbono equivalente em 1,1 bilhão de toneladas no setor agropecuário.

O problema, segundo ela, é desmatamento ilegal, que não pode ser confundido com a agropecuária sustentável. Sozinho, esse desmatamento corresponde a 49% das emissões no Brasil.