De que forma o Mercosul impacta o agronegócio?

Depois de décadas de discussões e pelo menos três anos de revisões de detalhes, o acordo entre Mercosul e União Europeia está perto de ser assinado, o que interessa — e muito — ao Brasil. Isso porque, ao ser assinado, o acordo deve resultar na redução de até 90% das taxas alfandegárias para alguns produtos, o que pode ser determinante para o sucesso do agro brasileiro.

Hoje, o agronegócio já representa 25% do PIB brasileiro e a abertura de novos mercados é bastante relevante para impulsionar tanto o setor quanto a economia nacional. No entanto, o acordo entre Mercosul e União Europeia vem sendo criticado, tanto por produtores rurais quanto por entidades do agronegócio. Isso porque a União Europeia estaria utilizando cláusulas ambientais para barrar a compra de determinados produtos do agronegócio brasileiro. 

Possíveis barreiras

A União Europeia adotou uma série de normas e procedimentos sobre as importações, principalmente no que diz respeito à sustentabilidade da cadeia produtiva. Por exemplo, o bloco determina a suspensão de compra de alimentos produzidos em áreas de desmatamento. Daí a importância da rastreabilidade de toda a cadeia produtiva, garantindo que os alimentos foram produzidos a partir das melhores práticas, em todas as etapas da cadeia.

Nesse sentido, o Mercosul se preocupa com essas exigências ambientais, para que não sejam superdimensionadas e impeçam a entrada de produtos mais baratos. A França, por exemplo, é um dos países que está fazendo forte pressão para impedir a entrada de produtos do agro brasileiro, uma vez que o país é um dos maiores produtores de alimentos do Velho Continente.

Além disso, existem também outras preocupações, pois o Brasil importa da Europa muitos produtos industrializados, o que, de certa maneira, poderia afetar a concorrência da indústria nacional.

Papel do agronegócio brasileiro no Mercosul

O Mercado Comum do Sul (Mercosul) é o bloco econômico formado pelos países sul-americanos, que, juntos, representam a quinta maior economia mundial. Na prática, os países se beneficiam com a troca de expertise, isenção de taxas de importação e de exportação e algumas outras medidas adotadas pelo bloco. A participação no Mercosul é importante para vários setores da economia brasileira, incluindo o agronegócio.

Dentro do grupo, o Brasil é protagonista, com 72% do Produto Interno Bruto (PIB) do bloco. O principal parceiro econômico é a Argentina, de onde o país importa parte de produtos alimentícios e animais vivos. Além disso, o Brasil tem um desempenho diferenciado no grupo. Em números, o PIB brasileiro, em 2022, foi de US$ 1,92 trilhão. Já a soma dos demais países do Mercosul chegou a US$ 2,67 trilhões.

Vale destacar também os resultados das importações e exportações. Em 2022 foram US$ 312,6 bilhões (US$ 159 bilhões em produtos do agronegócio) em exportações. Já as importações representaram US$ 253,8 bilhões.