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Pecuária aposta em crédito verde e parcerias para reduzir emissões

Especialistas da agropecuária mostram como o setor está endereçando o desafio de reduzir em 50% a emissão de gases de efeito estufa (GEE) até 2030

Redação

em 19 de julho de 2022


As ações de sustentabilidade do setor agropecuário foram discutidas na edição mais recente da Fispal, uma das principais feiras da cadeia de alimentos do Brasil. O encontro reuniu Paulo Pianez, diretor de Sustentabilidade da Marfrig, e outros profissionais do setor que debateram como as corporações estão endereçando o desafio de reduzir em 50% a emissão de gases de efeito estufa (GEE) até 2030.

Para Pianez, o assunto é urgente, pois 95% das emissões do segmento da pecuária e da indústria vinculada a ele provêm do chamado Escopo 3, ou seja, são emissões indiretas ligadas à cadeia de valor da companhia, exceto as que implicam o uso de energia.

Para endereçar a questão, ele destaca que a Marfrig tem trabalhado o engajamento dos fazendeiros, com assistência técnica necessária e inciativas como o Marfrig Club. A reintrodução de produtores é outra frente trabalhada e, recentemente, 2 mil deles voltaram a ser parceiros do grupo. A companhia também realizou um estudo detalhado nos últimos dois anos para identificar as fontes de emissão entre seus fornecedores e definir objetivos para atacar o problema.

Quatro ações resultantes do estudo estão sendo aplicados pela Marfrig. A primeira delas é a redução do tempo de abate do gado, pois ela reflete na menor emissão. A segunda iniciativa envolve mudanças no sistema de produção entre os fazendeiros, principalmente no manejo do rebanho. Uma terceira ação é a inovação, incluindo o melhor entendimento da microbiota animal. A suplementação alimentar é a quarta ação, com uso de rações que podem reduzir o nível de emissões entre 30% e 40%.

Crédito verde está no topo das demandas

Pianez lembra que a maior parte dos pecuaristas está no Cerrado e na Amazônia e 80% deles são pequenos. E mais: oito em cada dez estão operando na primeira fase da atividade, que é a produção de crias. Para o executivo, é preciso endereçar a sustentabilidade financeira dos produtores, o que envolve linhas de crédito fácil para financiamentos que envolvam a baixa pegada de carbono. “Para ser sustentável, os negócios precisam ser rentáveis”, argumenta. “E é preciso ‘tecnificar’ a produção, o que exige crédito”, complementa.

Sobre a importância da redução de emissão de gases para o comprador final, o executivo lembra de sua experiência de 11 anos na área varejista e adianta que nem o consumidor interno e nem o do exterior está focado no tema. “O tripé de compra continua a ser qualidade, segurança e preço”, resume.

Mas ele acredita que o nível de conscientização deve mudar nos próximos anos e, para atender essa tendência, a Marfrig tem apostado na inovação, com produção de carne neutra em carbono em parceria com a Embrapa. No segundo semestre deste ano, a companhia terá outro lançamento, com a entrega de produto de proteína animal com baixo carbono.