presunto

Agora, o presunto tem de ter mais proteína, define governo

Regulamenta do Ministério da Agricultura e Pecuária delimita a quantidade de proteína presente no alimento

Redação

em 15 de junho de 2023


O presunto passou a ter mais proteína do que água em sua composição. A mudança é uma adequação às normas de qualidade aprovadas pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e em vigor desde 2 de maio. Para especialistas, no entanto, o ganho proteico não será revertido em valor nutricional. 

A nova regulamentação vale para presuntos do tipo cozido, cozido superior, cozido tenro e cozido de aves. Seu objetivo é garantir a segurança e a qualidade do alimento, além de padronizar entendimentos e atender às demandas do setor produtivo. Em entrevista à revista Exame, Vanessa da Silva Alves, nutricionista do Hospital Moinhos de Vento, afirma que as regras implementadas pelo Mapa também funcionam para manter a identidade do produto. 

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A determinação é de que os produtores obedeçam ao limite de 25% de colágeno em relação à proteína total do alimento final. No caso do presunto de aves, o máximo permitido é de 10%. Esses percentuais foram definidos para que não seja ultrapassada a quantidade normal de proteínas presentes no presunto. O colágeno costuma ser adicionado para melhorar a textura do alimento. 

Mudança não melhora a qualidade nutricional do presunto

A regulamentação do Mapa ainda define o mínimo de proteína que o produto deve ter – 16% do total. Até então, eram permitidos 14%. “Apesar de ser fonte de proteína de origem animal, que tem um alto valor biológico, o presunto tem pouco valor proteico. Aumentar esses 2% não vai garantir uma melhora nutricional. É um aumento pequeno e os outros ingredientes que estão presentes no produto não dão a característica de qualidade nutricional”, afirmou a nutricionista.

Ela explicou que o presunto não pode ser considerado saudável, ainda que passe a contar com mais proteína em sua composição. Isso porque se trata de um alimento ultraprocessado, com alto teor de gorduras saturadas, sódio e conservantes. Por isso, o ideal é que ele não seja consumido com frequência. 

“Estudos demonstram que consumir frequentemente alimentos que tenham essa característica de alto teor de gorduras e sal aumenta o risco de doenças crônicas, doenças cardiovasculares e, até mesmo, câncer”, advertiu Vanessa.

A dica da nutricionista é de que sejam consumidas pequenas quantidades do alimento e nunca diariamente. A ingestão de 50 gramas de qualquer tipo de embutido, incluindo o presunto, aumenta o risco de câncer no sistema digestivo. 

Outra novidade trazida pelo Mapa foi a definição de que o presunto cozido feito de aves deve ser produzido com carnes do membro posterior do animal. Não foi especificado, no entanto, quais espécies podem ser usadas. A expectativa é de que a inclusão do alimento nas novas normas represente mais transparência ao consumidor.