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Rastreabilidade favorece exportação de carne e controle de qualidade

Brasil tem sistema de rastreabilidade há alguns anos e aderiu ao padrão internacional em 2018, favorecendo a exportação.

Roberto Francellino

em 1 de abril de 2022


A rastreabilidade da indústria de carne entrou definitivamente no radar da indústria brasileira do setor. Hoje, parte dos rebanhos bovino e bubalino já são foco da tecnologia, com a qual é possível monitorar o movimento de produtos ao longo da cadeia de produção. Ou seja, o acompanhamento ocorre desde a fazenda até o mercado consumidor. 

A solução surgiu como uma necessidade de controle de qualidade, mas vem sendo usada para outros fins, inclusive para comprovar a criação de gado em áreas sustentáveis. Um exemplo disso é a iniciativa argentina para o setor (link para matéria carne bovina livre de desmatamento). 

Segundo Nilson Gasconi, executivo de Desenvolvimento Setorial da Associação Brasileira de Automação-GS1 Brasil, a rastreabilidade permite manter um histórico de tudo que aconteceu com um produto, além de incluir previsibilidade para etapas posteriores, facilitando, por exemplo, medidas de recall, em caso de constatação de problemas. “Todas essas informações são base para um processo de rastreabilidade eficiente, a fim de facilitar a retirada de um determinado produto do mercado, em caso de qualquer eventualidade”, explicou Gasconi à reportagem do site Food Connection.

Rastreabilidade contribui para digitalização da indústria de carne

A lista formal de garantias, de acordo com o especialistas, inclui o processamento seguro de informações; a agilidade e eficiência dos processos, diminuindo a burocracia; a precisão no gerenciamento de estoques e reposição contínua; a agilidade nos processos internos e gestão do PDV; a melhoria da oferta de produtos identificáveis e rastreáveis; a fidelização e confiabilidade do cliente e a eliminação da adulteração ou falsificação de produtos, com redução ou eliminação de erros. Adicionalmente, a rastreabilidade contribui para a digitalização da indústria de carne. 

Mapa adota rastreabilidade por radiofrequência há anos

Desde 2018, o Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) adota as normas internacionais para padronizar a identificação de bovinos por radiofrequência. De acordo com o Mapa, a medida favorece as exportações de carne bovina para mercados que exigem a rastreabilidade, como o da União Europeia, e facilita a gestão de rebanhos em propriedades rurais brasileiras. 

A identificação individual do animal é semelhante a de um “passaporte”. Ou seja, ela é única, e garante a origem do bovino em qualquer lugar do mundo. Assim, todo bovino brasileiro rastreado tem um código, que começa com o número 076 e segue com mais 12 dígitos. O “076” identifica os animais procedentes do Brasil, semelhante ao +55, do sistema de telefonia internacional.

O número é registrado em microchips implantáveis, brincos eletrônicos, bolus intra-ruminal (artefato revestido de cerâmica) ou bottoms. Esses dispositivos possuem um microchip que permite a leitura por radiofrequência, otimizando o processo de manejo de campo. 

Hoje, o país tem um Banco Central de Dados de Identificação Animal, que controla e fornece os códigos para a rastreabilidade e o pecuarista interessado em obter esses códigos pode escolher as empresas fornecedoras dos dispositivos, desde que elas sejam credenciadas pelo Mapa.

Os pecuaristas também já usam o Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de Bovinos e Bubalinos (Sisbov), que organiza e armazena os dados dos animais identificados e cadastrados em uma Base Nacional de Dados (BND), além de certificar as propriedades rurais que aderiram ao sistema oficial da rastreabilidade. 

O sistema é reconhecido por mercados que exigem informações sobre a procedência da carne. Apesar de o Brasil ter um sistema oficial de rastreabilidade, não há a exigência oficial para que ele seja adotado.