Foto: Rosana Siqueira/Semadesc
recuperacao de solo
Foto: Rosana Siqueira/Semadesc

Recuperação de solo: o plantio de mudas está mudando o cenário no MS

Projeto, que deve levar seis anos até sua conclusão, terá cerca de 2 milhões de árvores plantadas

Redação

em 20 de maio de 2024


Uma área de 6 mil hectares está sendo revitalizada no Mato Grosso do Sul. O projeto, Sementes do Taquari, além de reflorestar, tem como objetivo a recuperação do solo por meio da plantação de mudas de espécies nativas no Parque Estadual das Nascentes do Rio Taquari. Trata-se de um projeto que deve levar seis anos até sua conclusão. Para isso, cerca de 2 milhões de árvores devem ser plantadas, sendo que pelo menos 270 mil mudas ainda neste ano (2024). 

Por ser abrangente, localizado entre os municípios de Costa Rica e Alcinópolis, o projeto já está sendo considerado como o maior programa de recuperação ambiental em unidade de conservação do Brasil. Realizado pelo Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), o projeto conta com o apoio de instituições e empresas privadas.

André Borges, diretor-presidente do Imasul, visitou uma das propriedades que estão sediando o projeto, a Fazenda Continental. Juntamente com Martha Gilka, fiscal ambiental, ele acompanhou o processo em uma área total de 2.765 hectares. 

recuperacao de solo
Foto: Rosana Siqueira/Semadesc

Segundo os especialistas, a área foi adquirida pelo Governo do Estado em março passado (2023). “Esta aquisição foi muito importante para o nosso trabalho, pois a área abriga as nascentes de dois córregos afluentes do rio Taquari, Garimpinho e Garimpeiro”, explicou Gilka.

De acordo com o noticiado pelo Canal Rural, trata-se de uma área com concentração de voçorocas (buracos de erosão causados pela chuva e intempéries, em solos onão protegidos por vegetação). São 39 voçorocas no conjunto, que provocam a formação de canais que despejam toneladas de sedimentos no rio.

Para Jaime Verruck, secretário estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, a recuperação do solo e o plantio de mudas previstos no projeto Sementes do Taquari representa uma nova etapa do Mato Grosso do Sul para atingir as metas de carbono neutro em 2030. “Além da recuperação do solo e de evitar o assoreamento dos rios, queremos trabalhar com o crédito de carbono. Estas regiões têm um potencial enorme para isso. Nosso objetivo prioritário é a questão ambiental, mas também queremos criar alternativas de geração de renda, com sustentabilidade”, apontou.

Recuperação do solo e plantio

Foto: Rosana Siqueira/Semadesc

Com a aquisição da área pelo governo, a criação de gado foi retirada da fazenda. A partir disso, foi feito um levantamento local, para que, então, se iniciassem as ações de recuperação do solo e plantio. 

Ainda em junho (2023), a área passou por um processo de conservação do solo, em 70 hectares de terraceamento de base larga. Foram feitas contenções para reduzir a perda de solo e estabilizar taludes. Depois disso, foi iniciado o processo de plantação de espécies nativas, com 51 espécies do Cerrado, como ipê, bálsamo, angico e aroeira. O projeto também contemplou a plantação de árvores frutíferas, para garantir a alimentação de animais silvestres. como o baru, pequi, jenipapo e jatobá.

“São áreas que estavam degradadas e, agora, encontram-se em plena recuperação”, apontou Gilka. Já Borges ressalta a importância do acompanhamento do projeto. “Isso mostra que o programa já tem surtido excelentes resultados. Em apenas sete meses, já diminuímos quatro vezes o volume de sedimento nos rios e tivemos um aumento na presença de peixes nas nascentes. Todos estes são bioindicadores de qualidade do ambiente”, declarou. Segundo ele, a revegetação tem como uma das finalidades segurar a força da água da chuva. “As curvas de nível e os terraços fazem com que essa água perca a força, que é a grande causadora da erosão. Temos, ainda, o monitoramento, que detectou a volta de animais silvestres”, ressaltou.