segurança alimentar em risco

Segurança alimentar em risco: instabilidades no Mar Vermelho criam alerta ao mundo

Navios carregados de alimentos estão desviando suas rotas devido aos ataques Houthi

Redação

em 7 de fevereiro de 2024


Um relatório apresentado pela Bloomberg revelou que os ataques que vêm acontecendo no Mar Vermelho estão colocando em risco a segurança alimentar global. Isso porque as interrupções dos transportes marítimos na região estão provocando o aumento de preços, além da deterioração dos alimentos perecíveis. 

A situação instaurada na região está afetando diretamente o transporte de produtos, inclusive o de alimentos. 

De acordo com a Bloomberg, navios carregados de alimentos estão desviando suas rotas devido aos ataques Houthi (grupo formado por rebeldes xiitas que controlam grande parte do norte do Iêmen). As rotas de fuga são mais longas, a maioria delas via África, o que propiciam a deterioração dos alimentos perecíveis.

Na Itália, exportadores já se mostraram preocupados diante do potencial de perda em relação aos produtos como kiwi e outros cítricos durante a rota mais longa. Inclusive, alguns produtos já tiveram impacto nos preços de venda. Exemplo disso é o gengibre chinês. Também há relatos sobre atrasos em carregamentos de café africano, além de desvios de cereais do Canal de Suez.

A BBC, por sua vez, estima que cerca de 12% do comércio global passe pelo Mar Vermelho. Em valores, seria algo em torno de US$ 1 trilhão (cerca de R$ 4,93 trilhões). Apesar disso, muitas empresas de navegação deixaram de fazer a rota.

Como o Houthi colocou a segurança alimentar em risco?

A rota de transporte pelo mar vermelho movimenta a relação de importação e exportação entre diversos países e figura como uma das principais rotas de transporte marítimo em todo o mundo. Atacando a economia, os Houthis alegam que estão defendendo o Iêmen da agressão saudita. Na prática, eles têm como alvo as forças do governo do Iêmen, navios mercantes e países vizinhos, como a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos.

De acordo com a BBC, desde novembro, uma das rotas marítimas mais movimentadas do mundo passou a ser também a mais perigosa. Trata-se do estreito de Bab al-Mandab, um canal com 32 km de largura que separa o nordeste africano do Iêmen, na Península Arábica. A justificativa do Houthi é que os ataques são direcionados aos navios de Israel, em retaliação à guerra na Faixa de Gaza. Porém, há contra-argumentos de que a maioria das embarcações alvejadas não têm ligação com Israel.

Para Nitin Agrawal, diretor geral da Euro Fruits, o impacto financeiro gerado pelos ataques no Mar Vermelho já são significativos. Além de colocar a segurança alimentar global em risco pela alteração das rotas de transporte e a perda de alimentos perecíveis, o aumento dos custos de frete e o tempo em trânsito também comprometem o cenário econômico. A indústria de carne também está sendo afetada. As rotas mais longas não oferecem as condições necessárias para o produto perecível. A Kpler reportou há alguns dias que cerca de 1,6 milhão de toneladas de grãos já tiveram suas rotas desviadas nas últimas semanas.

Marcus Baker, da Marsh, apontou que os impactos no transporte marítimo também aumentam os valores dos seguros, além de algumas seguradoras já estarem negando pedidos de cobertura para navios americanos e do Reino Unido considerando os riscos de guerra na região.

A Shell Plc e a Mitsui OSK Lines já interromperam o trânsito de petroleiros pelo Mar Vermelho, preocupadas com a situação.