Startup traz nova vida para alimentos que seriam descartados
Frutas e legumes de aparência imperfeita, mas próprias para consumo, são transformadas em snacks de frutas secas, pela startup americana The Ugly Company
Dentro do conceito de inovação na indústria agroalimentar, várias alternativas vêm surgindo para reduzir o desperdício de alimentos. Uma delas foi adotada pela startup americana The Ugly Company, que transforma vegetais cuja aparência não esteja perfeita, embora sejam próprios para o consumo, em snacks saudáveis. Nas embalagens, inclusive, a frase “Hello! I’m ugly” (ou, na tradução, olá! Eu sou feio) chama a atenção dos consumidores para o problema do descarte inadequado de comida.
Em um cenário de insegurança alimentar global e emergência climática, a ideia é bem-vinda e mostra que não faz sentido mandar para o lixo alimentos próprios para o consumo – o que acontece com cerca de um terço de toda a produção anual de frutas e legumes, no mundo, apesar de aproximadamente 830 milhões de pessoas estarem em situação de fome. No Brasil, de acordo com a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, apenas 41,3% dos domicílios têm condições de segurança alimentar.
Com base nessa premissa, a iniciativa da foodtech The Ugly Company, fundada em 2018, se destacou e atraiu investidores. No início deste ano, atraiu um aporte de US$ 9 milhões em rodada de série A.
Proposta segue princípio da economia circular
A foodtech estima que já resgatou do descarte cerca de 2 mil toneladas de frutas. Mas, para produzir meio quilo de frutas secas, são necessários oito quilos de itens frescos. Mesmo assim, o conceito de dar uma nova vida aos produtos que seriam jogados fora ganhou forte apelo entre os consumidores que se preocupam com a economia circular. Inclusive, até para os próprios agricultores a iniciativa é interessante, pois a própria The Ugly Company faz a coleta dos vegetais que iriam para o lixo.
Vale destacar que o desperdício de alimentos ocorre em todas as etapas da cadeia produtiva, do campo à mesa do consumidor. Isso sem contar o desperdício de recursos como água e energia utilizados no cultivo de produtos que acabam sendo descartados.
Segundo o relatório Beauty (and taste!) are on the inside – Beleza (e sabor!) estão no interior -, da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), salvar as frutas “feias” não é somente questão de ética, mas sim uma estratégia para reduzir a fome. E o documento cita que as perdas não são exclusivamente de vegetais: carne, leite, ovos e pescados também são desperdiçados, por más condições de transporte, manuseio e armazenamento.