seguranca alimentar

Startup traz nova vida para alimentos que seriam descartados

Frutas e legumes de aparência imperfeita, mas próprias para consumo, são transformadas em snacks de frutas secas, pela startup americana The Ugly Company

Redação

em 1 de junho de 2023


Dentro do conceito de inovação na indústria agroalimentar, várias alternativas vêm surgindo para reduzir o desperdício de alimentos. Uma delas foi adotada pela startup americana The Ugly Company, que transforma vegetais cuja aparência não esteja perfeita, embora sejam próprios para o consumo, em snacks saudáveis. Nas embalagens, inclusive, a frase “Hello! I’m ugly” (ou, na tradução, olá! Eu sou feio) chama a atenção dos consumidores para o problema do descarte inadequado de comida. 

Em um cenário de insegurança alimentar global e emergência climática, a ideia é bem-vinda e mostra que não faz sentido mandar para o lixo alimentos próprios para o consumo – o que acontece com cerca de um terço de toda a produção anual de frutas e legumes, no mundo, apesar de aproximadamente 830 milhões de pessoas estarem em situação de fome. No Brasil, de acordo com a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, apenas 41,3% dos domicílios têm condições de segurança alimentar.

Com base nessa premissa, a iniciativa da foodtech The Ugly Company, fundada em 2018, se destacou e atraiu investidores. No início deste ano, atraiu um aporte de US$ 9 milhões em rodada de série A.

Proposta segue princípio da economia circular

A foodtech estima que já resgatou do descarte cerca de 2 mil toneladas de frutas. Mas, para produzir meio quilo de frutas secas, são necessários oito quilos de itens frescos. Mesmo assim, o conceito de dar uma nova vida aos produtos que seriam jogados fora ganhou forte apelo entre os consumidores que se preocupam com a economia circular. Inclusive, até para os próprios agricultores a iniciativa é interessante, pois a própria The Ugly Company faz a coleta dos vegetais que iriam para o lixo. 

Vale destacar que o desperdício de alimentos ocorre em todas as etapas da cadeia produtiva, do campo à mesa do consumidor. Isso sem contar o desperdício de recursos como água e energia utilizados no cultivo de produtos que acabam sendo descartados. 

Segundo o relatório Beauty (and taste!) are on the inside – Beleza (e sabor!) estão no interior -, da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), salvar as frutas “feias” não é somente questão de ética, mas sim uma estratégia para reduzir a fome. E o documento cita que as perdas não são exclusivamente de vegetais: carne, leite, ovos e pescados também são desperdiçados, por más condições de transporte, manuseio e armazenamento.