emissao de metano

Sistema ILPF neutraliza emissão de metano no Cerrado Mineiro

Árvores em sistemas ILPF neutralizam emissão de metano dos bovinos, segundo estudos da Embrapa

Redação

em 14 de junho de 2022


A integração entre lavoura, pecuária e floresta, conhecida como sistema ILPF, está ajudando a neutralizar a emissão de metano no Cerrado Mineiro, segundo avaliação da Embrapa. Um estudo da instituição comprovou que a fixação de carbono por árvores em sistemas desse tipo  supera a emissão de metano por bovinos. 

A pesquisa avaliou sistemas ILPF com diferentes níveis tecnológicos implantados em áreas de pastagem degradada. Os resultados indicam que os produtores da região podem agregar ganho ambiental à produção, além de poderem inserir esses resultados na certificação Carne Carbono Neutro (CCN), aumentando a rentabilidade das fazendas. 

As atividades foram desenvolvidas na Unidade de Referência Tecnológica (URT) da Fazenda Lagoa dos Currais, no município de Curvelo (MG). Segundo pesquisadores da Embrapa Milho e Sorgo, o estado possui grande potencial para exploração florestal, com condições de solo e clima propícias ao cultivo de espécies florestais, grãos, pecuária de leite e de corte. 

Avanços para neutralizar a emissão de metano

Para o pesquisador Miguel Marques Gontijo Neto, o estudo em ILPF na região pode validar a recomendação de sistemas que apresentam, além de produtividade e rentabilidade, a capacidade de neutralização das emissões de metano pelos bovinos manejados na integração. 

Os sistemas ILPF foram implantados onde anteriormente havia pastagem em elevado grau de degradação dentro da URT. Uma área de 44 hectares foi dividida em quatro piquetes de 11 hectares e em cada piquete foi trabalhado o sistema ILPF, com diferente nível de investimento tecnológico, para reforma de pastos degradados. Em termos de custo, o nível de investimento (NI) mínimo foi equivalente ao padrão regional, no qual se aplicam somente calcário, gesso, fosfato e nitrogênio em doses moderadas na renovação de pastagens segundo a Embrapa.

A partir do segundo ano foi introduzido o componente animal nos sistemas. Anualmente, em dezembro, entram nos sistemas lotes de novilhas Guzerá, com peso médio inicial em torno de 250 kg, e idade entre sete e nove meses. “A carga animal é ajustada nos piquetes em função da disponibilidade de forragem no decorrer do ano”, diz Gontijo. 

Com base no número e no peso médio dos animais no decorrer de cada período de pastejo foram calculadas as cargas animal (CA), em Unidade Animal por hectare (UA/ha), para cada um dos quatro sistemas (quatro diferentes níveis de investimento tecnológico). Assim, os sistemas ILPF mais intensificados comportaram maior carga animal.

As estimativas de produção animal e emissão de metano foram avaliadas em dois ciclos de pastejo, de dezembro de 2018 a outubro de 2019, em um primeiro lote de novilhas e em um segundo lote de animais, de dezembro de 2019 a maio de 2020. A projeção da produção de madeira no momento da colheita foi feita por meio de softwares específicos para esta finalidade.

Os dados da Embrapa mostram que as árvores de eucalipto, na densidade utilizada nos sistemas ILPF (125 árvores ha-1), capturaram carbono suficiente para neutralizar a emissão de metano do componente animal e ainda proporcionar uma sobra, que poderia ser utilizada para neutralizar outras emissões oriundas do sistema, como aquelas derivadas do uso de fertilizantes nitrogenados, excretas dos bovinos ou até mesmo outras emissões da fazenda como um todo.