temperatura dos alimentos congelados

Aumento da temperatura dos alimentos congelados pode reduzir emissões

Pesquisa aponta que o aumento da temperatura dos alimentos congelados em 3°C pode contribuir no combate às mudanças climáticas

Redação

em 12 de janeiro de 2024


Uma das pesquisas apresentadas durante a COP28, que aconteceu em Dubai, revelou um dado importante sobre a relação entre a temperatura de alimentos congelados e as emissões de carbono. Descobriu-se que, alterando as temperaturas dos alimentos congelados em três graus, seria o suficiente para economizar cerca de 17,7 milhões de toneladas métricas de dióxido de carbono por ano. O equivalente às emissões anuais de 3,8 milhões de carros.

Os especialistas do Instituto Internacional de Refrigeração, da Universidade de Birmingham e da Universidade London South Bank, descobriram que essa mudança pode reduzir também os custos na cadeia de suprimentos. Estima-se algo em torno de 5% e 12% em algumas áreas.

De acordo com a pesquisa apoiada pelo DP World, a maioria dos alimentos congelados são transportados e armazenados a -18°C, um padrão adotado há mais de 90 anos que não passou por alterações ao longo do tempo. Os pesquisadores chegaram à conclusão de que uma mudança para -15°C causaria um impacto ambiental significativo sem comprometer a segurança ou a qualidade dos alimentos.

Temperatura dos alimentos congelados cria aliança no setor

Em termos práticos, a pesquisa criou uma aliança envolvendo todo o setor para explorar a viabilidade dessa mudança. A “’Join the Move to -15°C” (Junte-se à mudança para -15°C, em tradução livre) tem como objetivo redefinir os padrões de temperatura dos alimentos congelados, o que impactaria diretamente na redução dos gases de efeito estufa. Além disso, pode diminuir os custos da cadeia de suprimentos e garantir os recursos alimentares necessários para a população mundial.

Entre as instituições do setor que apoiam a iniciativa estão: AJC Group, com sede nos EUA, A.P. Moller – Maersk (Maersk) da Dinamarca; Daikin do Japão; DP World; a Global Cold Chain Alliance; Kuehne + Nagel International da Suíça; Lineage com sede nos EUA; Mediterranean Shipping Company (MSC) de Genebra; Ocean Network Express (ONE) sediada em Singapura.

Para Maha AlQattan, diretora de sustentabilidade da DP World, o fato de os padrões para alimentos congelados não terem sido alterados há tanto tempo permite a inovação. “Essa revisão já deveria ter sido feita há muito tempo. Um ligeiro aumento de temperatura pode trazer enormes benefícios, mas, seja qual for o compromisso de cada organização individual, o setor só pode mudar o que é possível ao trabalhar em conjunto”, completou.

O setor de alimentos congelados movimenta milhões de toneladas todos os anos ao redor do mundo. “A ‘Move to -15°C’ reunirá o setor para explorar padrões novos e mais ecológicos para ajudar a descarbonizar o setor em escala global. Com essa pesquisa, podemos descobrir como implementar tecnologias de armazenamento acessíveis em todos os mercados para congelar alimentos em temperaturas sustentáveis e, ao mesmo tempo, reduzir a escassez de alimentos para comunidades vulneráveis e desenvolvidas”, afirmou a diretora de sustentabilidade.

A importância dos alimentos congelados no cenário mundial 

De acordo com a DP World, o setor de logística está trabalhando em conjunto para descarbonizar e colaborar com a meta global para a redução das emissões. O setor avalia que a demanda por alimentos congelados tem aumentado na medida que os países em desenvolvimento e os consumidores estão mais atentos aos preços e aos alimentos mais nutritivos e saborosos.

Apesar disso, os especialistas estimam que 12% dos alimentos produzidos anualmente são desperdiçados devido à falta de logística de refrigeração e congelamento, também chamada de “cadeia fria”.

Outro dado revelado pelo estudo é que cerca de 1,3 bilhão de toneladas de alimentos comestíveis são jogados fora todos os anos – um terço da produção global de alimentos para consumo humano. Por outro lado, segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, mais de 820 milhões de pessoas passam fome no mundo e 2 bilhões (cerca de um quarto da população mundial) sofrem com insegurança alimentar.

Para Toby Peters, professor da Universidade de Birmingham e da Universidade Heriot-Watt e diretor do Centre for Sustainable Cooling, “as cadeias frias são infraestruturas críticas, vitais para o bom funcionamento da sociedade e da economia. São a base do nosso acesso a alimentos seguros e nutritivos e à saúde, bem como da nossa capacidade de estimular o crescimento econômico. A infraestrutura de cadeia fria, e sua falta, afeta a mudança climática global e o meio ambiente”, completou.