mitos mudancas climaticas

 5 mitos sobre as mudanças climáticas

Só 2ºC? Mas a maré não sobe sozinha? Já é tarde demais… Conheça aqui os 5 mitos - e as verdades - sobre as mudanças climáticas

Redação

em 9 de maio de 2023


Combater as mudanças climáticas faz parte da agenda de todos os setores da sociedade, das pequenas empresas aos governos gigantes. No entanto, o assunto ainda é rodeado de desinformações e opiniões cientificamente equivocadas. O tema é, de fato, complexo, e pode trazer dúvidas, além de ajudar a criar alguns mitos. 

O Prato do Amanhã levantou 5 dos principais mitos sobre as mudanças climáticas. Confira aqui:

Mito 1: “o aquecimento global não é real”.

O primeiro mito é um dos mais complicados de se combater: o de que as mudanças climáticas não são reais, mas, sim, um fruto natural do meio ambiente. Este equívoco presume que se o clima muda naturalmente, é impossível distinguir as mudanças climáticas causadas pelo homem das mudanças naturais. Na realidade, vários fatores climáticos têm fontes naturais e humanas e os cientistas podem diferenciá-los.

As evidências apontam fortemente o CO2 produzido pelo homem como a principal causa do recente aquecimento e há consenso entre a maioria dos cientistas (algo em torno de 97% dos especialistas no assunto) acerca disso.

Embora o clima da Terra tenha mudado ao longo de sua história, o aquecimento atual está ocorrendo em uma taxa nunca vista nos últimos 10.000 anos, indica a NASA. De acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), “desde que as avaliações científicas sistemáticas começaram na década de 1970, a influência da atividade humana no aquecimento climático evoluiu da teoria para o fato estabelecido”.

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Foto: © IPCC/Antoine Tardy

Informações obtidas de fontes naturais (como núcleos de gelo, rochas e anéis de árvores) e de equipamentos modernos (como satélites e instrumentos) mostram todos os sinais de mudança climática drástica. Do aumento da temperatura global ao derretimento das camadas de gelo, abundam as evidências de um planeta em aquecimento. A NASA, por exemplo, conseguiu medir que a Terra absorveu quase o dobro de calor em um intervalo de 15 anos, a partir da medição dos raios infravermelhos em volta do planeta.

Mito 2: “o nível do mar não está subindo, é apenas movimentação normal das marés”

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Este mito sobre a mudança climática é parecido com o primeiro, já que coloca na conta de um fenômeno natural todas as atividades nada triviais que acontecem em decorrência do aquecimento global. O aumento do nível do mar é uma delas. Por causa das temperaturas mais altas, as geleiras das calotas polares estão derretendo de forma mais e mais veloz. Além disso, o aquecimento causa a “expansão térmica” das águas – como o que acontece quando uma chaleira é colocada no fogo.

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Estima-se que, em 100 anos, o nível global do mar já subiu entre 160 milímetros e 210 milímetros. Pode parecer pouco, mas as projeções do IPCC mostram que os mares estão subindo mais rápido do que o esperado. A projeção é que, até o final do século, os oceanos estejam 1,1 metro acima do nível atual. Caso a temperatura da Terra chegue a aumentar 2ºC, a alta pode chegar a 2 metros. Ou seja, em 100 anos, as águas podem variar em dimensões que, antes, ocorreriam em 2 mil anos. 

Mito 3: “está frio na minha cidade, portanto o aquecimento global não chegou aqui”

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Não é só porque o frio em alguns lugares está mais forte que o aquecimento global não é realidade. O aquecimento global está fazendo com que a temperatura média da superfície da Terra aumente. Isso não apenas torna as ondas de calor e as secas mais prováveis, mas também está causando mudanças em todos os sistemas climáticos naturais. Essas mudanças estão tornando os eventos climáticos extremos prováveis e mais severos. Por exemplo, furacões e tempestades estão se tornando mais intensos, movendo-se mais devagar e demorando mais para diminuir. Alguns países terão mais chuva, outros mais neve. O aumento médio da temperatura no planeta desequilibra toda a dinâmica do clima. 

Como bem explicou a norte-americana CBS, é uma diferença entre tempo e clima. “Quando os cientistas usam o termo aquecimento global, ou mudança climática, eles se referem a uma ampla mudança de temperatura em toda a superfície da Terra ao longo de anos e décadas. O termo clima, por outro lado, é a variação diária de curto prazo, às vezes abrupta, em qualquer local”.

Mito 4: “aumento de 2ºC é muito pouco para fazer diferença na Terra”

Diferente do clima do nosso dia a dia, em que o aumento  2ºC não são tão significativos, a alta de 2ºC na temperatura média da Terra teria consequências desastrosas para todos os seres vivos. Só para se ter ideia, caso a temperatura do planeta aqueça a esse ponto, como previsto pelo IPCC em seu último relatório, a quantidade de verões em que não haverá gelo no Ártico será de pelo menos um em cada 10 anos, 16% das plantas serão extintas, 18% dos insetos da terra perderão os lares e 13% dos ecossistemas se desertificarão. 

Quase 100% dos recifes de corais seriam extintos pelo aquecimento dos oceanos, o que levaria um declínio para a pesca. Além disso, a prevalência de eventos extremos do clima seria maior, já que a composição dos fenômenos meteorológicos mudaria. Para a humanidade, os 2°C a mais colocaria parte significativa da população em situação de insegurança alimentar, sem contar nas faltas de água. E no desaparecimento de países e cidades costeiras, devido ao aumento do nível dos oceanos.

Os dois graus são tão preocupantes que os principais especialistas no assunto colocam o aumento de temperatura médio de 1,5ºC como “o ponto de não retorno”. E o Planeta já está chegando perto: uma estimativa divulgada pelo serviço britânico de meteorologia mostra que do século 19 a 2022, a temperatura do planeta já tinha aumentado em 1,02 ºC. 

Mito 5: “é tarde demais para reverter a mudança climática”

Este mito é um que devemos combater todos os dias no cotidiano: não há tempo para evitar a catástrofe climática. Na verdade, há. Por isso que as grandes empresas se comprometem em diminuir as emissões de gases e os países estão colocando planos para evitar os riscos da temperatura aumentar mais do que 1,5ºC. 

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Os especialistas são claros, no entanto: estamos ficando sem tempo. Mas ainda há janelas para implementar e tomar medidas nesta década para evitar os piores efeitos das mudanças climáticas. 

Já temos a tecnologia e os sistemas para alcançar emissões líquidas de carbono zero até 2050. Podemos deter a mudança climática e criar um futuro sustentável para os seres humanos e a natureza. Empresas de energia, indústria, fabricantes de veículos, produtores de alimento e governos têm um papel essencial a desempenhar e isso é uma prioridade para nós. 

“Cada ação que podemos tomar para reduzir nosso impacto faz a diferença”, disse o Dr. Gilbert, do British Antarctic Survey, em entrevista à BBC. “A janela de oportunidade para agir está se estreitando, mas ainda existe, e devemos aproveitá-la.”