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África do Sul na COP 28: país quer discutir a transição justa

A África do Sul enfrenta um triplo desafio para a descarbonização, relacionado à pobreza, desigualdade e desemprego; na COP 28, país deve defender o financiamento climático

Redação

em 11 de agosto de 2023


Com condições econômicas que foram agravadas durante a pandemia, a África do Sul, na COP 28, planeja defender o financiamento climático, necessário para promover a transição de uma economia baseada em carbono para uma com maior foco em energias renováveis. Em suas NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas), que foram atualizadas em 2021, o país cita os progressos obtidos desde 2015, em relação à mitigação, e os planos para os próximos anos.

Juntamente com outras nações que integram o BRICS (Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul), até 2015 a África do Sul era um dos principais emissores de gases do efeito estufa. O grupo, em conjunto, respondia por 42% das emissões totais de GEEs, de acordo com dados do Global Carbon Atlas (2017). Mas, a partir de então, com as medidas para descarbonização, esse cenário vem mudando. Porém, o contexto de pobreza, falta de empregos e desigualdade social permanece sendo uma questão relevante para o país, que, por isso, defende a transição justa.

Em sua NDC, a África do Sul destaca que os setores de agricultura, silvicultura e pesca são fundamentais para a atração de divisas, geração de emprego e produção de matéria-prima para a economia. Mas, em todo o país, o aumento das temperaturas e a mudança dos padrões de chuva poderão trazer riscos distintos para diferentes culturas e commodities, em diversas áreas de cultivo. 

“Os impactos mais importantes no futuro próximo serão na agricultura e agropecuária, com produtores em áreas marginais de cultivo, onde as condições já estão próximas dos limites de temperatura e disponibilidade de água”, pontua o documento. “São esperadas mudanças significativas nas temperaturas máximas e mínimas médias, bem como na frequência de mudanças climáticas extremas, como ondas de calor. Isso terá grandes implicações para as culturas, espécies vegetais, gado, caça e pesca, bem como a prevalência de pragas e doenças”.

África do Sul na COP 28 e o uso da terra

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Além de estimular o desenvolvimento de fontes de energia renováveis no país, a África do Sul destaca a importância de adotar medidas como o uso consciente de água, em função da escassez local. Justamente por isso, a questão do uso da terra é uma das prioridades. 

No documento encaminhado à ONU, a África do Sul ressalta que “espera-se que o risco para a biodiversidade aumente no futuro, em função das variáveis climáticas projetadas, como elevação da frequência e severidade dos incêndios, chuvas erráticas e aumento da demanda evaporativa devido a temperaturas elevadas, situações agravadas pelas condições de uso da terra”. A NDC mostra que as províncias de Limpopo, Western Cape, Mpumalanga, Free State e KwaZulu Natal vêm enfrentando a maior perda de biodiversidade nos últimos anos. 

Como justificativa para defender o financiamento climático, a África do Sul menciona que  existe uma previsão de que um número crescente de cidades e vilas do país irão ficar expostas aos impactos de riscos climáticos, como inundações, secas, incêndios florestais e tempestades. Isso se deve, em parte, ao aumento da temperatura global, como também à alta vulnerabilidade socioeconômica e às más práticas de uso da terra. A dificuldade de implantação de infraestrutura para acomodar a população em centros urbanos também é um grande problema. 

Dentro da Estratégia Nacional de Adaptação às Mudanças Climáticas, que deve ser apresentada pela África do Sul na COP 28, existem ações planejadas para áreas-chave da economia, as quais, provavelmente, serão as mais impactadas pelo aumento dos efeitos do aquecimento global. As principais áreas a serem abordadas são saúde, agricultura e silvicultura, assentamentos humanos, biodiversidade e água.