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Dois bilhões de pessoas podem ser afetadas pelo aquecimento global até 2030

Com aquecimento global, a temperatura média no mundo deve ultrapassar os 29º C nos próximos anos, o que prejudicará a produção de alimentos

Redação

em 8 de agosto de 2023


Em torno de 2 bilhões de pessoas devem ter a vida impactada pelo aumento da temperatura média global para 29º C ou mais, até 2030. Os prejuízos também devem recair sobre a produção mundial de alimentos. Caso o ritmo do aquecimento global não seja controlado, essa população ficará fora do “nicho climático”, segundo a Nature Sustainability. 

Por nicho, entende-se lugares onde a temperatura média global está inserida num intervalo de 13º C a 27º C. Ultrapassados esses limites, as condições são extremas – muito quente, fria ou seca. No Brasil, a projeção é de que a temperatura aumente de um a seis graus, nas diferentes regiões do país, nas próximas décadas. 

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Outra conclusão do estudo é que mais de 600 milhões de pessoas já estão fora do nicho. Elas, no entanto, fazem parte de uma minoria, de 1% da população mundial, exposta a temperaturas médias de, pelo menos, 29º C. 

Empresário e sócio-fundador da PWTech, startup reconhecida pela ONU como referência no acesso à água potável, Fernando Silva destaca ainda que as mudanças climáticas têm um forte impacto na sociedade de modo geral, inclusive no acesso à água.

“Quando falamos da escassez hídrica, estamos falando de um recurso que não pode ser deixado de lado. A água potável está em tudo. Ela não é utilizada apenas para o consumo, mas também para a produção de alimentos de origem vegetal e animal. Com a falta ou a má qualidade desse recurso, a agricultura e a saúde humana são prejudicadas”, afirma Silva.

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As consequências da elevação das temperaturas já são perceptíveis no Brasil, por exemplo na produção de soja no cerrado, segundo o Ipam (Instituto de Pesquisas Ambientais da Amazônia). O dado foi publicado na revista especializada International Journal of Agricultural Sustainability, em janeiro deste ano. Pelos cálculos dos técnicos da instituição, a cada 1º C de alta da temperatura no cerrado, em relação à média histórica, a produtividade da soja cai 6%. 

Impactos do aquecimento global

Por isso, o mercado está cada vez mais preocupado com o aquecimento global e as repercussões sobre o meio ambiente, segundo Fábio Pizzamiglio, diretor da Efficienza, empresa especializada na assessoria para o comércio exterior. Ele avalia, no entanto, que o Brasil está mais atento às questões ESG, o que favorece as empresas nacionais. 

“O agronegócio brasileiro se preocupa em executar boas práticas sustentáveis e busca demonstrar isso ao mundo. Ao mesmo tempo, quando tratamos de pequenos agricultores e da agricultura familiar, precisamos criar mecanismos de estado que ajudem na adaptação de seus produtos, principalmente pelos altos custos”, defende Pizzamiglio.

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Em sua opinião, subsídios à produção ecologicamente sustentáveis podem contribuir para que esse resultado seja alcançado. Nesse caso, o foco seriam os produtores que não têm condições de se adaptarem às tendências do mercado internacional.