Foto: Cristiano Machado / Imprensa MG
biochar esponja de carbono
Foto: Cristiano Machado / Imprensa MG

Startup cria “esponja de carbono” para reter água e nutrientes no solo

Processo comercial do biochar, uma "esponja de carbono", é feito no Brasil, com tecnologia desenvolvida pela startup francesa NetZero

Redação

em 31 de julho de 2023


Um condicionador de solo, que atua como “esponja de carbono”, retendo água e nutrientes, foi desenvolvido pela startup francesa NetZero e começa a ser fabricado comercialmente no Brasil. A planta industrial do “biochar”, nome técnico do produto, está em Lajinha (MG) e seria a primeira unidade desse tipo na América Latina, de acordo com o Digital Agro.

A fábrica tem capacidade para produzir mais de 4.500 toneladas por ano de biochar, o que permitiria remover, anualmente, mais de 6.500 toneladas de CO2 equivalente da atmosfera.

Esse volume não contabiliza as emissões que estão relacionadas ao menor uso de fertilizantes químicos, pois outro ganho da tecnologia seria a redução média de 33% da aplicação de adubos.

Biochar é fabricado a partir de resíduos agrícolas

biochar esponja de carbono
Foto: Divulgação – NetZero

Tecnicamente, a “esponja de carbono” é produzida usando resíduos agrícolas, como a palha do café, de onde se extrai carbono a partir do aquecimento à alta temperatura na ausência de oxigênio, processo conhecido como pirólise.

Na prática, o biochar estabiliza o carbono inicialmente capturado pelas plantas de forma duradoura na atmosfera, durante a fotossíntese. Com isso, o processo permite que o carbono seja armazenado no solo, longe da atmosfera, ao mesmo tempo em que também melhora a fertilidade do solo.

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Em uma cultura cafeeira, a aplicação da esponja pode aumentar a produção do café em 14% e garantir uma diminuição de 40% nas emissões de gases de efeito estufa por quilo do grão, segundo a NetZero. Os números são do projeto em parceria com a Coocafé, cooperativa que possui mais de 10 mil cafeicultores e que vai fornecer milhares de toneladas de resíduos não utilizados, provenientes do processo de envelhecimento do café, para serem transformados em biochar.

Pedro de Figueiredo, cofundador da NetZero e CEO da NetZero Brasil, explica que a aplicação do biochar não requer nenhuma técnica diferente daquelas já utilizadas atualmente na agricultura.

“Para utilizá-lo, basta misturá-lo de forma homogênea ao solo em covas, sulcos ou faixas de plantio, na proporção indicada por um profissional de agronomia. Por ser feito unicamente à base da própria biomassa gerada na lavoura, o biochar não é um produto tóxico, não traz riscos ao meio ambiente e sua aplicação é segura para a saúde humana e animal”, finaliza.