descarbonizacao

Carne “carbono zero” está no futuro da Marfrig

Processo para descarbonizar os rebanhos deve impactar cadeia como um todo e passa por inovação

Redação

em 1 de junho de 2022


A Marfrig teve as metas de redução de gases de efeito estufa aprovadas pelo Science Based Targets (SBTi) e já avançou rumo à meta de reduzir em 33% a intensidade de emissões para cada animal abatido até 2035.

“Não é impossível falar de uma pecuária neutra ou muito próxima da neutralização”, disse o diretor de sustentabilidade da Marfrig, Paulo Pianez, em entrevista ao Reset. Para chegar a esse nível, a companhia está apostando em inovação e em análise de toda a cadeia, buscando chegar na “carne zero carbono” sem a compra créditos de carbono, mas sim focando na melhoria de práticas do ecossistema de produção da proteína animal.

Melhora genética e alimentação resultam em menos metano

A complexidade de atingir a meta de descarbonização é porque a grande maioria (entre 95% e 97% das emissões de carbono associadas ao negócio da Marfrig) é gerada pelos fornecedores. Já aos fornecedores, o principal está no metano, gás que tem impacto 80 vezes maior para o clima do que o CO2, segundo a ONU

Segundo Pianez, é preciso reduzir o metano durante a vida do boi, algo que envolve melhoria na alimentação, no pasto, nos suplementos e também em outras intervenções mais avançadas, como a melhoria genética dos animais. “Os suplementos podem reduzir bastante as emissões – em torno de 40%. Já a melhora genética faz com que os animais levem menos tempo para ficarem prontos, de 30 meses para 20 meses, o que significa uma diminuição também na produção do metano. 

Pasto Verde+

Além das ações com os animais, há também possibilidades dentro dos pastos e campos, já que é possível aumentar áreas verdes para “sequestrar” o CO2.  Para Pianez, um pasto bem administrado acomoda mais animais, gera mais produtividade e também absorve mais CO2, além de poupar plantio e abertura novas áreas de pastagem.

É por isso, segundo ele, que a Marfrig começa conhecendo os pastos para receber esse benefício não contabilizado pelas metas, mas ainda necessários para se atingir o futuro sustentável.

A companhia tem o compromisso de conhecer todos os fornecedores diretos e indiretos na Amazônia até 2025 e no Cerrado até 2030. A partir daí, a empresa terá dados sobre o manejo dos pastos, quais são as áreas de mata aberta, as culturas plantadas no local e como fazer para integrar ambos. 

Ao entender como funciona o pasto de cada fornecedor, a Marfrig poderá ajudar com treinamento ou recurso financeiro para os fazendeiros. “Também queremos desenvolver instrumentos junto ao mercado bancário para que o produtor possa financiar essa nova maneira de produzir, porque, daqui a pouco, será uma condição sine qua non. Ninguém vai poder fugir disso”, disse Pianez.

Energia e água são essenciais para o carbono zero

A companhia vai cuidar também das emissões próprias, que contabilizam cerca de 3% das totais. A troca de fornecedores para eletricidade mais limpa já está sendo feita nesse sentido. Enquanto isso, a Marfrig deve refazer a sua estrutura de tratamento de águas residuárias, com um projeto de R$ 160 milhões, envolvendo tecnologia para reduzir o metano gerado nas lagoas.