CCAS alerta para doenças recentes no gado
Conselho Científico Agro Sustentável identifica também as parasitoses nos ruminantes
Um levantamento de doenças do gado e parasitoses recentes acaba de ser divulgado por Enrico Ortolani, professor titular do Departamento de Clínica Médica da FMVZ (USP) e membro Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS). Especializado em clínica de ruminantes, o pesquisador reúne dados do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), de agências estaduais de defesa sanitária animal e do contato com veterinários em campo.
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Entre as ameaças listadas por está a Arrabidaea bilabiata, conhecida na região de Rio Branco, no Acre, como “gibata”. A planta tóxica foi descrita como causadora da morte súbita de bovinos adultos, criados extensivamente próximos à capital acreana. Os animais teriam comido o arbusto, cuja toxina fica mais concentrada em períodos de estiagem, como foi o caso identificado por um veterinário local.
Estudos venezuelanos indicam que a toxina é um glicosídeo que provoca a morte 6 a 24 horas após a ingestão de 6g de folha por quilo de peso. Após o cafezinho-bravo (Palicourea marcgravii), essa planta é a que mais mata na região Amazônica.
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Ainda na Região Norte, outro problema recente é o surto de enterotoxemia. De acordo com Ortolani, o relato de um veterinário da região mostrou a morte recente e súbita de 20 bois, no decorrer de 10 dias, em um confinamento de cerca de 2.500 bois, em um município no sul do Pará. A suspeita é de enterotoxemia, enfermidade causada por uma bactéria intestinal denominada Clostridium perfringens, tipo A.
As informações indicam que as mortes ocorreram, inicialmente, em sete bovinos cruzados Angus-Nelore, seguido de 12 mortes não apenas de cruzados, mas também de exemplares da raça Nelore. Os animais tinham ao redor de 40 dias de cocho e o fato coincidiu com um pico de calor, cuja a temperatura máxima era superior a 40º C.
Vacinação é diferencial para o bem-estar e evita doenças do gado

Outro detalhe importante é que os animais foram vermifugados, mas não teriam sido vacinados contra clostridioses ou outras doenças. Coincidentemente, os bovinos mais viçosos, e que provavelmente comeram mais, foram os que morreram. A necropsia identificou necrose da parede interna do intestino e presença de sangue.
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No Mato Grosso, outro relato indica um foco de Paramphistomum spp. em vários desmamados trazidos de região Sul do Rio Grande do Sul para a cidade de Jaciara. Os dados levantados pelo professor Ortolani indicam que, além de perderem peso e estarem com anemia, os garrotes apresentam outros sintomas.
O monitoramento do professor da USP indica ainda outro foco, dessa vez, em Santa Catarina. O problema seria um surto de diarreia viral bovina (BVD, sigla em inglês), em um rebanho de corte com cerca de 100 vacas. O rebanho era “fechado” por vários anos, ou seja, só saiam e não entravam animais comprados na propriedade e ,aparentemente, nunca havia ocorrido a doença antes. O começo do problema foi a compra de sêmen de uma pequena central de inseminação do Rio Grande do Sul.