doencas do gado

CCAS alerta para doenças recentes no gado

Conselho Científico Agro Sustentável identifica também as parasitoses nos ruminantes

Redação

em 18 de dezembro de 2023


Um levantamento de doenças do gado e parasitoses recentes acaba de ser divulgado por Enrico Ortolani, professor titular do Departamento de Clínica Médica da FMVZ (USP) e membro Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS). Especializado em clínica de ruminantes, o pesquisador reúne dados do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), de agências estaduais de defesa sanitária animal e do contato com veterinários em campo.

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Entre as ameaças listadas por está a Arrabidaea bilabiata, conhecida na região de Rio Branco, no Acre, como “gibata”. A planta tóxica foi descrita como causadora da morte súbita de bovinos adultos, criados extensivamente próximos à capital acreana. Os animais teriam comido o arbusto, cuja toxina fica mais concentrada em períodos de estiagem, como foi o caso identificado por um veterinário local.

Estudos venezuelanos indicam que a toxina é um glicosídeo que provoca a morte 6 a 24 horas após a ingestão de 6g de folha por quilo de peso. Após o cafezinho-bravo (Palicourea marcgravii), essa planta é a que mais mata na região Amazônica.

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Ainda na Região Norte, outro problema recente é o surto de enterotoxemia. De acordo com Ortolani, o relato de um veterinário da região mostrou a morte recente e súbita de 20 bois, no decorrer de 10 dias, em um confinamento de cerca de 2.500 bois, em um município no sul do Pará. A suspeita é de enterotoxemia, enfermidade causada por uma bactéria intestinal denominada Clostridium perfringens, tipo A.

As informações indicam que as mortes ocorreram, inicialmente, em sete bovinos cruzados Angus-Nelore, seguido de 12 mortes não apenas de cruzados, mas também de exemplares da raça Nelore. Os animais tinham ao redor de 40 dias de cocho e o fato coincidiu com um pico de calor, cuja a temperatura máxima era superior a 40º C.

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Outro detalhe importante é que os animais foram vermifugados, mas não teriam sido vacinados contra clostridioses ou outras doenças. Coincidentemente, os bovinos mais viçosos, e que provavelmente comeram mais, foram os que morreram. A necropsia identificou necrose da parede interna do intestino e presença de sangue.

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No Mato Grosso, outro relato indica um foco de Paramphistomum spp. em vários desmamados trazidos de região Sul do Rio Grande do Sul para a cidade de Jaciara. Os dados levantados pelo professor Ortolani indicam que, além de perderem peso e estarem com anemia, os garrotes apresentam outros sintomas.

O monitoramento do professor da USP indica ainda outro foco, dessa vez, em Santa Catarina. O problema seria um surto de diarreia viral bovina (BVD, sigla em inglês), em um rebanho de corte com cerca de 100 vacas. O rebanho era “fechado” por vários anos, ou seja, só saiam e não entravam animais comprados na propriedade e ,aparentemente, nunca havia ocorrido a doença antes. O começo do problema foi a compra de sêmen de uma pequena central de inseminação do Rio Grande do Sul.