coreia do sul cop 28

Demonstração de investimentos deve nortear a Coreia do Sul na COP 28

País desponta como um dos líderes globais em tecnologia e inovação, e o combate às causas climáticas seguem esta mesma linha

Redação

em 20 de outubro de 2023


A Coreia do Sul é um país consideravelmente pequeno, localizado no leste da Ásia, mas tem uma população com mais de 51 milhões de pessoas. A capital, Seul, é uma das maiores cidades do mundo. Bastante moderna e desenvolvida, a Coreia do Sul tem hoje uma economia forte, assim como a educação da população. Com mais de 5 mil anos de histórias e riquezas culturais, o país desponta como um dos líderes globais em tecnologia e inovação e, na questão ambiental, caminha na mesma direção. 

A COP 28 que acontecerá no final do ano, nos Emirados Árabes, cobrará fortemente o posicionamento dos países em relação ao cumprimento do Acordo de Paris. Nesse sentido, a Coreia do Sul assumiu o compromisso de trabalhar com outros países para reduzir as emissões globais de gases causadores de efeito estufa (GEE), e investe no Fundo Verde para o Clima, que tem como objetivo ajudar os países em desenvolvimento a reduzir suas emissões. 

Outro ponto de investimento que a Coreia do Sul deve destacar na COP 28 é o Instituto Global de Crescimento Verde, que promove o desenvolvimento econômico socialmente inclusivo e ambientalmente sustentável.

Entre os compromissos assumidos pelos sul-coreanos está a redução da pegada de carbono, principalmente na geração ocasionada pela indústria. Além disso, a Coreia do Sul tem outros projetos para apresentar na COP 28

Qual será o posicionamento da Coreia do Sul na COP 28?

Em seu plano inicial, a Coreia do Sul apresentou a estimativa de reduzir 26,3% das emissões de gases de efeito estufa até 2030. Depois de receber muitas críticas em função do baixo índice, o país assumiu publicamente o compromisso de reduzir as emissões em 40% das emissões no período, que tem como referência os níveis medidos em 2018. 

A nova ambição foi apresentada durante a COP 26 e atualmente está em pleno desenvolvimento. O governo limitou algumas ações de termelétricas e apostou no aumento das fontes de energia renováveis. O país também criou uma política para reduzir o uso industrial de combustíveis fósseis e acelerar a transição para veículos elétricos e movidos a hidrogênio. A Coreia do Sul planeja se tornar neutra em carbono até 2050.

coreia do sul cop 28

Em um pronunciamento oficial, o então presidente Moon Jae-in, declarou que a Coreia do Sul atingiu o auge das emissões em 2018. “Se comparado com economias avançadas, que alcançaram o auge de emissões nos anos 1990 ou 2000 e tiveram um período mais longo para diminuí-las, nós temos que reduzir as emissões de gases de efeito estufa em um ritmo muito mais rápido, mesmo chegando no auge de emissões apenas em 2018. Então, a nova meta é bastante desafiadora”, apontou o presidente sul coreano durante uma reunião do comitê presidencial sobre os objetivos climáticos. 

Muito mais do que apresentar medidas compensatórias para sequestrar o carbono da atmosfera, a Coreia do Sul deve aprovar novas políticas climáticas em energia, investir em sistema de transporte, apoiar a indústria, e ter uma atenção especial com o uso da terra.

NDC da Coreia do Sul para a COP 28

A Coreia do Sul apresentou três atualizações da sua Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC). A atualização foi para definir um novo nível, agora mais ambicioso para atingir a meta de neutralidade de carbono até 2050, apesar da

estrutura industrial do país voltada para a manufatura.

De acordo com o governo da Coreia do Sul, a meta foi atualizada e aprimorada e trata a redução das emissões nacionais totais de GEE em 40% em relação ao nível de 2018, que é de 727,6 MtCO2eq, até 2030. Apesar disso, a meta de redução de 40% está abaixo das trajetórias de redução linear de 2018 a 2050. O que indica uma atitude mais ambiciosa do país em relação à meta de neutralidade de carbono até 2050.

Vale destacar que em setembro de 2021, a Coreia do Sul promulgou a Lei-Quadro sobre Neutralidade de Carbono e Crescimento Verde para Resposta à Crise Climática (ou “Lei de Neutralidade de Carbono”), delimitando o nível mínimo da meta nacional de redução de emissões de GEE a médio prazo, assim como um mecanismo robusto de implementação na lei para garantir o seguimento da NDC registrada junto à Organização das Nações Unidas (ONU).

Posicionamento climático

O plano climático da Coreia do Sul é baseado fundamentalmente em três grandes frentes:

Investimentos em energia renovável: 

coreia do sul na cop 28

O país está aumentando o uso de energia renovável, e tem o objetivo de que 20% de sua matriz energética seja dessas fontes até 2030.

Eficiência energética

A Coreia do Sul já investe em eficiência energética com o objetivo de reduzir o consumo de energia em 30% até 2030.

Descarbonização da indústria

Descarbonizar a indústria é o principal eixo assumido pela Coreia do Sul. O objetivo é reduzir as emissões de gases de efeito estufa do setor industrial em 40% até 2030.

Apesar de o país ter dedicado seu plano baseado nestes três pilares, ele vem fazendo outras ações complementares para a mitigação das mudanças climáticas.

Uma estrutura público-privada foi oficializada para viabilizar o capital necessário para reduzir as emissões, por exemplo. Além disso, o país criou um programa de capacitação que acontece em clínicas rurais e escolas. O intuito é capacitar também os agricultores, para que todos estejam alinhados com a estratégia de impacto social e para o clima. 

O governo anunciou, em 2021, o investimento de US$ 1,5 trilhão para energia renovável até 2030. Em 2022, anunciou a construção de uma rede nacional de carregadores para veículos elétricos. E, neste ano, lançou o programa de financiamento para empresas que estão desenvolvendo tecnologias de redução de emissões.

Redução de dependência do carvão

Uma ação que a Coreia do Sul deve colocar em prática é incentivar a quebra da dependência do uso do carvão, principalmente na indústria, na produção energética doméstica e nos créditos à exportação.  

Ainda em 2020, uma das ações da Coreia do Sul para reduzir a poluição do ar, por exemplo, fechou provisoriamente 28 usinas elétricas a carvão. Essa ação representou o fechamento de pouco menos da metade das 60 usinas que produziam 40% da energia elétrica do país. No cenário atual, as usinas que permanecem ativas tiveram suas operações limitadas a 80% da capacidade.

Saneamento ambiental

Na área de saneamento ambiental, a Coreia do Sul tem um dos sistemas de gestão de resíduos mais modernos do mundo, e que envolve a participação da comunidade. O complexo ambiental e energético Sudokwon é considerado um dos maiores aterros sanitários do mundo. 

O local recebe resíduos domésticos, industriais, entulhos, lodo de estações de esgoto e lixo orgânico. Além dos vários processos desenvolvidos para a gestão do resíduo, no aterro há o aproveitamento dos gases para a geração de eletricidade, atendendo a mais de 100 mil famílias, com um lucro de US$ 33 milhões por ano. 

Foto: Reprodução/Sudokwon Landfill Site Management Corp./The Korea Herald

Em Sudokwon, o chorume, depois de tratado, também gera energia. Outro dado importante da unidade é que os resíduos industriais viram cerca de 210 mil toneladas de combustível sólido, vendido para a geração de eletricidade e adicionando um lucro de US$ 1,6 milhão ao projeto. Já os resíduos orgânicos são transformados em ração para animais, além de gerarem energia no processo.

Ações de ESG pelo Governo

Outro destaque do país sul-coreano foi o lançamento, em 2021, do pacote: Korean New Deal: National Strategy for a Great Transformation (na tradução: Estratégia Nacional para uma Grande Transformação), que deve ser adotada durante os próximos 100 anos pelo governo e que tem ESG como diretriz central. 

Nesse sentido, o governo deve investir cerca de US$ 144 bilhões até 2025 para enfrentar desafios com base em 3 pilares: desenvolvimento digital, hiperconectividade e superinteligência (digital new deal).
Acompanhe a cobertura especial da COP 28 no Prato do Amanhã.