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Futuro do agronegócio está na bioeconomia

Artigo revela que o setor agrícola caminha para um novo modelo de negócio, em que o aproveitamento econômico dos recursos naturais caminha aliado às premissas sustentáveis

Redação

em 27 de setembro de 2023


Uma nova economia, de baixo carbono, surge da preocupação global com o meio ambiente, baseada na biotecnologia, agricultura, biodiversidade e energias limpas. Essa perspectiva considera não mais a extração dos recursos naturais, mas o seu aproveitamento numa bioeconomia, segundo artigo assinado por Bárbara Breda, diretora-executiva do Instituto Brasileiro de Direito do Agronegócio (IBDA), e Renato Buranello, presidente da entidade.

A bioeconomia, segundo eles, é a ciência que estuda os sistemas biológicos e os recursos naturais, aliados ao uso de novas tecnologias, com o propósito de criar produtos e serviços mais sustentáveis. Na prática, a proposta é não mais extrair os recursos naturais, mas privilegiar o seu cultivo para a produção de combustíveis, medicamentos, insumos agrícolas e materiais utilizados na indústria.

A visão dos autores é que o Brasil possui a maior biodiversidade de flora e fauna do planeta, que, se bem aproveitada, pode contribuir com a alavancagem da economia interna, inserida num contexto macroeconômico de cadeia sustentável.

Bioeconomia é oportunidade

Os autores ressaltam, ainda, que estudos recentes indicam o potencial desse segmento no país. Prova disso é que, em 2022, o conjunto das atividades que representam a bioeconomia brasileira registrou US$ 162,6 bilhões em exportações. Esse valor supera muito os US$ 37,9 bilhões das importações. O saldo comercial positivo é 49,4% superior ao obtido em 2021. No segmento agrícola, o saldo foi positivo em US$ 69,4 bilhões.

O PIB da bioeconomia, de acordo com o Observatório de Bioeconomia, da FGV, já ultrapassa os R$ 2,5 trilhões. Já as exportações representaram 45,8% do total comercializado pelo país em 2022.

Mercado ético

Segundo os autores, o fortalecimento da multifuncionalidade da agricultura brasileira estimulou o vínculo entre o setor e a indústria. Ao mesmo tempo, reflexões sobre a relação das mudanças climáticas com o sistema financeiro ganharam relevância. Eles destacam também a pressão crescente sobre a agroindústria para dar transparência aos processos produtivos, o que provocou o surgimento de um mercado de produtos éticos.

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Atenta às novas demandas do mercado financeiro, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) passou a exigir de toda indústria de fundos a comprovação de investimentos em ativos ambientalmente benéficos. A iniciativa está alinhada com normas do Poder Legislativo brasileiro, que viabilizou que produtos de financiamento da atividade agroindustrial nacional – como CPRs e CRAs – se valham da “locução verde”, em situações referentes ao financiamento de projetos e operações com comprovado valor ambiental agregado.

“Este é o movimento das Cadeias de Produção Agroindustriais para tirar o Brasil da posição de poluidor, conforme variados critérios, para levá-lo à consolidação da postura de preservador, como país de forte bioeconomia”, afirmaram os autores.