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Seca ou excesso de chuva: como as mudanças climáticas afetam o agronegócio?

Em cerca de dez anos, a estiagem ou o excesso de chuvas causaram prejuízos de quase R$ 300 bilhões no campo, segundo estudo da Confederação Nacional de Municípios

Redação

em 15 de maio de 2023


Entre 01 janeiro de 2013 e 05 abril de 2022, os eventos climáticos extremos trouxeram um prejuízo estimado em R$ 287 bilhões ao agronegócio. A estiagem foi responsável por 86% das perdas na agricultura (R$ 216,6 bilhões), enquanto a chuva excessiva causou 14% dos danos (R$ 30,3 bilhões). Já na pecuária, os prejuízos foram de R$ 70,4 bilhões. A falta de chuvas foi responsável por 92% das perdas na atividade, alcançando quase R$ 65 bilhões.

Os dados são de um levantamento da Confederação Nacional de Municípios (CNM), feito com base em informações do Sistema Integrado de Informações Sobre Desastres do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional, que apontou que a maior parte dos danos (22%, que representam R$ 85 bilhões em perdas de pecuaristas e agricultores) aconteceu no ano passado (2022). 

Prejuízos de Norte a Sul

O estudo mostrou que houve perdas em 6,8 milhões de hectares de lavouras entre 2013 e 2022. Esse número corresponde a 1,6% da área média de cultivo no país no período estudado, mas, em alguns Estados, os danos foram mais expressivos, como em Pernambuco (20,1%), Sergipe (16,4%) e Rio Grande do Norte (13,8%).

Na agricultura, o Rio Grande do Sul foi o mais prejudicado no período estudado, com R$ 38,5 bilhões em perdas, o que equivale a 21% do total; na sequência ficaram o Paraná, com R$ 26,3 bilhões, e Minas Gerais, com R$ 24,8 bilhões.

Na pecuária, por sua vez, as secas no Nordeste levaram a 56% das perdas. Na região, os maiores danos ocorreram na Bahia, com R$ 14,73 bilhões.  Mas foi Minas Gerais que contabilizou os maiores prejuízos da atividade no país, com R$ 16,58 bilhões.

O excesso de chuvas afetou mais os produtores do Centro-Oeste e do Sul. Na pecuária, as chuvas afetaram especialmente Mato Grosso do Sul (R$ 1,3 bilhão) e Minas Gerais (R$ 1,5 bilhão).

Para combater os efeitos do clima adverso, a CMN cita alguns mecanismos de prevenção e gestão de riscos, como construção de cisternas, uso da irrigação e seguro rural. Mas, para além disso, é fundamental que os produtores do setor invistam em meios de descarbonizar o negócio, utilizando, por exemplo, fontes de energia renováveis, e utilizando os recursos naturais de maneira consciente. Entender a natureza e a dimensão desses impactos é determinante para a adoção de políticas de combate ao aquecimento global.