hipomagnesemia

Pasto verdejante nem sempre é sinônimo de saúde, alerta CCAS

Pastagens viçosas podem ter falta de magnésio, o que é ruim para o gado e pode acarretar problemas, como a morte súbita do animal

Redação

em 26 de dezembro de 2023


Um alerta do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS) mostra que as pastagens viçosas podem ser uma fonte de falta de magnésio (Mg), problema que pode desencadear o que, tecnicamente, se conhece como hipomagnesemia no gado. Além de causar tremedeira, o baixo teor do mineral pode levar à morte dos animais.

Segundo os especialistas do CCAS, a hipomagnesemia ocorre em forma de surtos ou em casos isolados, geralmente de julho a novembro, muitas vezes após estresse envolvendo grande movimentação dos animais e transporte. O estresse, por sua vez, libera adrenalina que provoca súbita, devido à queda de Mg no sangue e no líquido cefalorraquidiano, baixando ainda mais esses teores nos bovinos deficientes do mineral.

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Entre os sintomas que podem ser observados está o fato de que animais aparentemente sadios param de comer e passam a ter sintomas como quedas e tremedeira. O comportamento inclui o “pedalar” das pernas” e as convulsões com duração em média de 1 minuto, com cabeça virando e muita salivação, além dos dentes tilintantes, do batimento acelerado do coração e do aumento da temperatura retal.

O pior de tudo é que, na média, entre 70% e 80% dos animais sintomáticos morrem em 10 a 15 minutos. Os mais afetados são vacas nos primeiros dois meses após o parto, em especial aquelas acima de quatro anos. Bovinos mais jovens podem ter o mal súbito, mas, os mais velhos, em especial as fêmeas, são mais vulneráveis. Isso se explica porque o principal estoque de Mg no organismo são os ossos, sendo que a retirada dos minerais aumenta com o avanço da idade.

hipomagnesemia

E onde entram as pastagens verdejantes nessa história? Simples: algumas delas são combinações que crescem rápido, em função da grande adubação com potássio e nitrogênio. São viçosas e suculentas, podendo ter muita água, pouca fibra, alta proteína, muito potássio, o mínimo de sódio, além da menor quantidade de Mg, relativamente pouca energia e um pouco mais de gordura do que as pastagens normais. Em resumo: são ideais para desencadear quadros de hipomagnesemia.

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Segundo o CCAS, bovinos pastejando por uma ou duas semanas em tais pastagens já podem ter a doença. No Brasil também foram descritos surtos de hipomagnesemia em bois que pastavam em locais em que tinha sido acabado de colher arroz ou milho.

Entre as soluções, está reversão do quadro inicial com a aplicação de grande quantidade de Mg na veia ¸(200 ml de sulfato de magnésio 20%). Em pastagens problemáticas, deve-se evitar colocar vacas com mais de quatro anos, dando preferência para animais mais novos. A correção do solo pode não ser efetiva, mas a suplementação mineral, com alguns cuidados para que o gado não rejeite o suplemento, é uma alternativa. Outra ação é moderar o uso de fertilizantes ricos em potássio e hidrogênio.