mexico na cop 28

Agro é um dos setores-chave da participação do México na COP 28

País foca em ações no segmento e em outros potenciais geradores de GEE, como transportes e energia

Redação

em 13 de outubro de 2023


O México deverá reforçar seus objetivos para neutralidade de carbono na próxima COP 28. O relatório mais atualizado de metas nacionalmente determinadas (NDC) foi lançado em 2022, ano-base de comparação para os objetivos de 2030. O documento projeta uma redução de gases de efeito estufa (GEE) que poderá oscilar de 22% a 35%. Se a escala de financiamento internacional e outros impulsionadores, como inovação e transferência tecnológica, forem mais acentuados, os mexicanos poderão atingir até 40% de redução dos GEE em relação a 2022.

Entre os setores-chave para conseguir reduzir a emissão de GEE, o México posiciona a agropecuária, o que é um ponto em comum com os objetivos do Brasil, conforme detalhado no Prato do Amanhã, que destaca a agropecuária sustentável como um dos nossos trunfos. De acordo com o relatório mexicano, o setor agropecuário é essencial para a mitigação dos GEE, em particular a pecuária, listada como a terceira maior frente de emissão.

A estratégia envolve ações de gestão das atividades do setor, que também é essencial para a adaptação e para a segurança alimentar. Os planos incluem medidas para promover práticas agroecológicas e agricultura de conservação, incluindo a substituição de fertilizantes, aplicação de bioinsumos e redução de queimadas agrícolas. Além disso, as iniciativas também envolvem a promoção de sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta, bem como medidas de captura e gestão de biogás de resíduos pecuários, como sistemas de compostagem, biodigestão e tratamento diário, para evitar a geração de gás metano.

Outra das frentes destacadas no relatório do México são as soluções baseadas na natureza (NBSs), que estariam no centro das discussões das NDCs. “O México aumentará a suas ações e canalização de recursos como prioridade para a conservação de seus ecossistemas, e para o desenvolvimento de programas baseados em uma economia solidária e sustentável, que incentive a participação de homens e mulheres na recuperação do nosso capital biocultural, das florestas, da biodiversidade e, ao mesmo tempo, que capturam carbono e geram maior bem-estar para a população do nosso país”, destaca o documento.

O México também continuará a implementação da sua Estratégia Nacional Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal (ENAREDD+), e ratifica seu compromisso de alcançar uma meta de taxa líquida zero de desmatamento. Da mesma forma, o NDC fortalecido propõe metas ambiciosas de aumento para Áreas Naturais Protegidas (ANPs). O país busca decretar mais de 2 milhões de hectares (ha) de novas ANPs, 1 milhão de hectares em Áreas Destinado Voluntariamente à Conservação e 40.785 hectares de restauração.

Cogeração e biogás estão entre as metas do México na COP 28

Outro setor focado no documento é o de transportes. Nesse caso, a mobilidade elétrica deve ser um dos vetores para ajudar na mitigação dos GEE, principalmente na área de transportes públicos. O país também foca numa política de prospecção, exploração e beneficiamento de lítio, internamente, para atender às futuras demandas por bateria. O ataque acontece ainda por meio da melhoria da eficiência energética de veículos tradicionais, de forma a reduzir o teor de carbono emitido por eles.

Na área de energia, o planejamento envolve a integração de fontes limpas na geração elétrica, a substituição de combustíveis com alto teor de carbono por gás natural e a redução de perdas técnicas do sistema elétrico, entre as iniciativas principais. O México também sinaliza para um plano de modernização das hidrelétricas, com ações de reforma e repotenciação. A meta é modernizar mais de 40% das centrais hidrelétricas atuais, além da construção de quatro novas centrais, com capacidade média de 284 MW, até 2030.

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As pequenas e médias empresas estão entre os alvos do setor industrial, inclusive pela geração de empregos, e a estratégia mexicana inclui programas normativos e fomento da cogeração eficiente. O setor de óleo e gás, por sua vez, ganha destaque no planejamento, com a meta de redução de 14% de emissões. Para chegar a esse número, o relatório do México cita algumas estratégicas, incluindo o incremento da cogeração, tanto em centros de transformação de gás quanto no refino do petróleo e a redução de emissões fugitivas. As obras prioritárias nas petroleiras do país também fazem parte da lista.

Já as medidas do setor residencial e comercial estão bastante focadas na promoção da eficiência energética, entre várias oportunidades identificadas em diversos setores, como o de hotelaria, visto que o México recebe grande fluxo de turistas durante todo o ano. O armazenamento de energia é outra possibilidade. Para a população de baixa renda, um dos caminhos seria reduzir o uso de lenha no meio rural por outras fontes mais limpas.

O descarte adequado de resíduos fecha a lista de prioridades, uma vez que pode gerar problemas significativos de contaminação em fontes de água. Do ponto de vista ambiental, a proposta mexicana é melhorar a gestão de resíduos, com medidas que incluem a gestão integral dos resíduos sólidos urbanos, bem como o tratamento de águas residuais, tanto municipais quanto industriais, e outras atividades relacionadas à disposição final, como o reprocessamento, reciclagem, compostagem e biodigestão. Também existe a ideia de avançar nos testes de captura e uso eficiente do biogás em aterros sanitários.