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Produção de biogás com dejetos animais pode crescer no Brasil

País tem potencial para gerar até 2,7 bilhões de m³/ano de biogás através da biodigestão de rejeitos de suínos. O esterco vira energia!

Redação

em 8 de maio de 2023


A produção de proteína animal pode gerar energia, que vai além daquela necessária para quem se alimenta. Ou seja, os resíduos da atividade pecuária podem ser transformados em fonte de energia, não apenas para o próprio produtor, mas também para cidades e indústrias. Por meio do biogás, os resíduos da produção dos animais se tornam uma fonte energética poderosa. 

O biogás é produzido a partir da decomposição anaeróbica de resíduos orgânicos, como esterco de animais, resíduos agrícolas e de alimentos. Ele é composto principalmente por metano (cerca de 50 a 70%), dióxido de carbono (20 a 40%) e outros gases. Já o biometano é obtido a partir da purificação do biogás, que remove ases indesejáveis, como o dióxido de carbono, sulfeto de hidrogênio e outros compostos, resultando em um gás com alta concentração de metano (mais de 95%), que tem a mesma especificação do gás natural de origem fóssil, de acordo com dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). O biometano pode ser utilizado como combustível veicular ou injetado na rede de distribuição de gás natural.

A boa notícia é que no Brasil a suinocultura tem potencial para gerar 2,7 bilhões de metros cúbicos por ano de biometano. As estimativas são da Abiogás, de acordo reportagem do Globo Rural. Esse volume substituiria quase 2,5 bilhões de litros de diesel, reduzindo em 96% a emissão de gases de efeito estufa. 

Se fossem transformados em energia elétrica, esses rejeitos seriam o bastante para abastecer cerca de 5 milhões de casas, mensalmente.

De esterco à energia

Para se atingir o resultado de transformar rejeito em energia elétrica, os dejetos dos suínos primeiro passam por um biodigestor, que faz decomposição anaeróbica do esterco. Desse ponto, os resultados são os biofertilizantes e o biogás. O metano liberado no biodigestor pode ser utilizado para gerar calor, mas também pode ser usado para gerar energia elétrica, por meio de moto-geradores.

Biodigestor

“Um produtor de suínos que faça uma planta de biogás eficiente, além de ser uma indústria de produção de proteína animal, tem potencial para transformar seu negócio em uma indústria de energia, com uma renda muito importante adicional. Hoje existe knowhow no Brasil para produzir biogás de maneira eficiente e já temos cases de sucesso, que estão funcionando com bastante disponibilidade e qualidade”, disse o presidente da Abiogás, Alessandro Gardemann, na entrevista ao Globo Rural.

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No Paraná, o suinocultor Jan Hassjer, usa biodigestores desde 2003, e já consegue armazenar e produzir cerca de 6 mil metros cúbicos de biogás. A energia gerada pelo esterco dos seus animais é usada para secar grãos da sua fazenda, além de aquecer a água usada para os porcos. “ Dentro das casas, o biodigestor gera energia elétrica e biogás para utilizar na cozinha. Além disso, o biometano pode ser utilizado em caminhonetes, empilhadeiras e até em um trator”, conta o Globo Rural.

Energia limpa, que limpa

O grande diferencial do biogás é que ele gera uma energia não só com muito menos emissões do que o diesel – ou qualquer outro combustível a gás – como também que retira os resíduos das fazendas. Resíduos esses que são um dos maiores desafios ambientais dos produtores de suínos.

De acordo com a Embrapa, os efluentes da suinocultura, resultantes de uma produção intensiva, são um grande desafio para as propriedades, especialmente porque muitas delas não possuem área agrícola para utilizá-los como biofertilizante. Ao serem descartados, os resíduos apresentam um elevado potencial poluidor para o meio ambiente. 

Dessa forma, o biogás de suínos é uma energia limpa, e que ainda ajuda a limpar o ambiente.