Além da Carne: sebo bovino vira sabonete macio e agradável
Sebo e leite bovino viram desde cremes hidratantes finos até sabonetes e outros produtos cosméticos e farmacêuticos
A produção de carne é apenas uma parte dos produtos bovinos e, segundo o site Business Insider, representaria 60% do que a indústria aproveita do gado. Além da carne, os outros 40% estão menos associados aos animais, mas frequentam os mesmos supermercados onde estão os cortes de carne. Estamos falando da área de higiene e limpeza e de produtos que vão desde os detergentes usados na cozinha até os batons e sabonetes.
Vamos começar com uma das partes mais onipresentes – a gordura. A gordura que não vai parar no açougue é transformada em um produto chamado sebo. Os ácidos graxos no sebo dão a ele uma consistência oleosa e escorregadia, que aumenta a textura de alguns cremes para o corpo, cosméticos, sabonetes e pastas de dente.
“Quem torce o nariz para as pelancas que o açougueiro descarta do contra-filé, talvez não imagine que aquelas gorduras, que não entrariam em sua casa pela porta da cozinha, encontrarão um lugar de destaque na penteadeira de seu quarto, entre os cremes hidratantes finos, perfumados e caros que pouco lembram as matérias primas originais”, destaca reportagem do site UOL, reforçando que a fonte de produção de produtos sofisticados da indústria cosmética é sim o gado bovino.
Leite e sebo na produção de sabonete
Outro uso viável é do leite bovino ou de cabra para a produção de sabonete. É o caso de Lindsay Matras, de New Hampshire, nos Estados Unidos. A produtora agrícola usa em média 3 litros de leite de vaca por mês para fabricar 400 barras de sabonetes a uma clientela específica.
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O uso de leite de vaca ou de cabra no lugar da água na receita do sabonete torna a barra mais hidratante em comparação com os sabonetes convencionais. O leite também tem excelentes propriedades anti envelhecimento, segundo o site Lancaster Farming.
Sebo bovino na produção de sabonete
O aspecto positivo do aproveitamento do sebo vai muito além da cosmética. De acordo com um trabalho apresentado no Congresso Brasileiro de Química (CBQ), o aproveitamento do sebo bovino na produção de sabonete apresenta-se como a melhor via de destinação, uma vez que os resíduos do animal podem transformar-se em produtos com valor comercial.
No trabalho em questão, o sebo coletado foi lavado com água corrente para retirada de impurezas, aquecido e depois filtrado. Isto gerou uma gordura purificada, que permaneceu em repouso até ficar sólida. Depois a gordura foi adicionada a um tacho aquecido, onde depois se adicionou um clarificante. O passo seguinte foi transferir a mistura para um funil de decantação, onde ela foi lavada diversas vezes. Após a lavagem, o sebo clarificado e desodorizado foi adicionado em moldes e finalmente liberado para rota produtiva de sabonete.
“Ao longo deste trabalho foram fabricados 16 corpos de prova, distribuídos em quatro bateladas. Os corpos de prova foram caracterizados fisicamente em termos de alcalinidade livre, poder de detergência, comportamento visual, capacidade de saponificação e de absorver o corante e a essência”, detalha o documento apresentado pelo CBQ.
O sabonete produzido foi avaliado em sua qualidade em espumar na presença de água corrente, levando em consideração a maciez da pele e a fixação da fragrância após a lavagem.
Em termos gerais, esse estudo de caso concluiu que os sabonetes produzidos com sebo bovino apresentaram valores médios de alcalinidade livre dentro das especificações necessárias. Também foram aprovados quanto ao poder de detergência e fixação de essência, além de tornarem a pele de quem os usou macia e com sensação agradável.