valor da floresta amazonica

Floresta amazônica de pé vale pelo menos US$ 317 bilhões ao ano, segundo Banco Mundial

Relatório aponta que valor é sete vezes maior do que o valor estimado da exploração privada ligada à agricultura extensiva, à exploração madeireira ou à mineração.

Redação

em 16 de maio de 2023


O valor da floresta amazônica brasileira, se mantida de pé, é estimado em US$ 317 bilhões, segundo o relatório Equilíbrio delicado para a Amazônia Legal Brasileira, recém-lançado pelo Banco Mundial. Editado pelo economista Marek Hanusch, o documento avalia que esse montante é sete vezes maior do que o valor estimado da exploração privada ligada à agricultura extensiva, à exploração madeireira ou à mineração. Segundo ele, no Brasil, a região é o hotspot de desmatamento, em sua maioria ilegal.

A valoração feita pelo Banco Mundial avalia a Amazônia Legal brasileira, do ponto de vista público e privado. No primeiro caso, Hanush destaca que o valor da floresta tropical brasileira inclui “serviços ecossistêmicos”, os quais, somente para a região da América do Sul, são estimados em US$ 20 bilhões anuais. Esses serviços incluem a chuva necessária para a agricultura da região e a proteção contra a erosão do solo e os incêndios.

“Os valores públicos globais associados à floresta em pé são ainda maiores, principalmente devido ao papel da Amazônia Legal como sumidouro de carbono: o valor anual do armazenamento de carbono é estimado em US$ 210 bilhões, com o valor de opção e existência ligado à biodiversidade e cobertura florestal, somando outros US$ 75 bilhões”, detalha o documento.

Além desses números, o relatório acrescenta o que seria o valor de uso privado sustentável da floresta em pé. Nessa lista estão produtos não madeireiros e o turismo sustentável, entre outros, o que somaria US$ 12 bilhões anuais.

Impedir o desmatamento é essencial para cumprir as metas de descarbonização

Para o especialista, impedir o desmatamento ilegal não é apenas uma prerrogativa econômica e ambiental, mas também se alinha aos compromissos assumidos pelo Brasil no âmbito do Acordo Climático de Paris: o solo, as mudanças no uso do solo e as florestas são as principais fontes de emissões brutas de gases de efeito estufa no país.

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Além dos impactos climáticos e econômicos associados ao desmatamento, o relatório destaca o custo da inação, o que resultaria em progresso social mais lento. Na maioria dos estados amazônicos, especialmente os mais remotos, a pobreza estagnou ou aumentou nos últimos anos, na avaliação do Banco Mundial. Mas a instituição também destaca que já existem soluções de enfrentamento do cenário atual.

As iniciativas, nesse caso, incluem ações como o Programa Áreas Protegidas da Amazônia, lançado em 2002, que atualmente totaliza cerca de 209 milhões de hectares de áreas protegidas ou territórios indígenas, o que equivale a 42% do território da Amazônia Legal. Em 2004, o governo adotou o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal, que inicialmente se concentrava em questões fundiárias e de planejamento territorial; produção sustentável; e monitoramento e controle ambientais.

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Outros programas incluem o Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (DETER) e a atualização do Código Florestal de 1965, com a inclusão do Cadastro Ambiental Rural (CAR), uma inovação em termos de banco de dados e ferramenta de gestão ambiental. “Essas ações públicas foram complementadas por compromissos do setor privado, tais como a Moratória da Soja na Amazônia de 2006 e o Compromisso de Desmatamento Zero na Pecuária de 2009”, destaca o documento.