couro bovino

Além da Carne: 7 curiosidades sobre o couro bovino

Couro bovino movimenta bilhões, apesar de ser literalmente um subproduto, pois não é a primeira intenção de mercado dos criadores

Redação

em 10 de fevereiro de 2023


De acordo com o Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB), o mercado brasileiro de couro bovino gera nada menos do que 30 mil empregos diretos. Estamos falando de 244 plantas curtidoras, responsáveis pelo processo que evita o apodrecimento da pele e que movimenta uma indústria de subprodutos que vão desde bolsas, sapatos, cintos e bolas até móveis.

Esses itens são considerados subprodutos porque o couro não é a primeira intenção dos criadores bovinos. Em outras palavras, o couro é, de fato, um subproduto do animal, geralmente criado para corte ou leite.

Neste conteúdo, o Prato do Amanhã separou sete fatos importantes sobre os subprodutos do couro. Veja.

Brasil no mercado mundial

No Brasil, são produzidos couros de várias espécies animais, como suínos, caprinos e ovinos, mas o mais utilizado é o bovino devido à maior oferta. O país é um dos maiores produtores de couro do mundo, tendo forte presença nos segmentos moveleiro, calçadista e automotivo. O setor possui 2.800 indústrias de componentes para couro e calçados, além de 120 fábricas de máquinas e equipamentos e movimenta US$ 2 bilhões a cada ano. A concentração da produção de couro no país segue a distribuição do rebanho bovino, sendo a principal região produtora o Centro-Oeste. Isso acontece porque a pele é um material extremamente perecível e as indústrias precisam ficar próximas aos frigoríficos para que o produto não perca a qualidade.

Os tipos de couro bovino

Na listagem da CICB, a produção de couro bovino aparece com três definições principais. A primeira delas é o wet blue, designação que se refere à pele bovina que sofreu o primeiro processo de transformação no curtume, por meio de um banho de cromo, que a deixa molhada e com tom azulado. As duas outras classificações são o couro semiacabado e acabado. O semiacabado (crust) é aquele que passa por um tratamento chamado de salga após ter sido separado da carne. O couro acabado é aquele totalmente transformado após passar por etapas como estiramento, secagem e estoque e está pronto para uso.

Apelo no mercado de luxo

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Apesar da concorrência de produtos sintéticos, o couro tem um mercado grande, especialmente nos produtos de luxo e acessórios, como cintos, jaquetas e carteiras, devido à sua alta durabilidade. O couro é um subproduto da indústria frigorífica e seu aproveitamento é benéfico para o meio-ambiente e para a economia do país. Além disso, grande parte do “couro vegano” é oriundo de derivados de petróleo, indicando menor sustentabilidade em relação ao couro propriamente dito. Outro ponto positivo é que a cadeia produtiva do couro segue parâmetros de sustentabilidade por meio de dois programas de rastreabilidade: Certificação de Sustentabilidade do Couro Brasileiro (CSCB) e o Leather Working Group (LWG, sigla em inglês).

Couro é fashion

O Brasil detém o projeto mais inovador do mundo ligado ao design do couro: o Design na Pele. Unindo arte e moda na produção de curtumes, a iniciativa é pensada em produtos inovadores tendo o couro como protagonista. O Design na Pele criou uma exposição já vista e aplaudida em vários países, e faz parte do projeto Brazilian Leather, promovido pelo CICB e Apex-Brasil. Outro exemplo é a marca americana North Beach Leathers, que nasceu do couro brasileiro: Bill Morgan, fundador e estilista da marca, fez suas primeiras peças após uma passagem pelo Rio Grande do Sul, onde comprou uma série de couros locais. 

Estofados puxam o mercado interno

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Dados da CICB mostram que o couro tem mercados internos cativos, puxado por três segmentos: estofados (40,4% da demanda), calçados (40,4%) e automóveis (9,8%). Os outros segmentos importantes são os de EPIs, ou seja, equipamentos de proteção individual, incluindo as luvas, e de artefatos e o de vestimenta. Em 2021, o Rio Grande do Sul, liderou as vendas, com 41,8% do mercado. São Paulo sozinho empata com o Nordeste, com uma representação de 19% cada uma das regiões.

Mercado externo

Em 2021, ao se considerar a produção destinada para o mercado externo, os principais segmentos atendidos foram: estofados (42,4%), automóveis (30,2%) e calçados (18,3%). O couro bovino puxa as exportações: das 397 milhões de toneladas enviadas para o mercado externo, 294 milhões foram subprodutos do abate bovino. A produção a partir de outros animais e a peleteria (pele com pêlos) ainda é incipiente em relação ao fornecimento de couro bovino. 

Sintético nem sempre é sustentável

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O mercado de “couro falso” estava avaliado em US$ 33,7 bilhões em 2021 e todos querem um pedaço desse bolo, que envolve produtos que usam desde fibra de cacto a materiais feitos de resíduos de frutas. O problema é que alguns não são tão sustentáveis ​​quanto afirmam, porque ainda incluem uma boa quantidade de componentes baseados em combustíveis fósseis. A durabilidade e a biodegradabilidade também não foram comprovadas para muitos. Uma das iniciativas de negócios, no entanto, envolve a combinação dos dois mundos, ou seja, o do couro natural com produtos sintéticos, como destaca a reportagem do site Leathermag.

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