Agenda para a COP 30 já começou
Especialistas apontam como país poderá se apresentar daqui a dois anos
O Brasil tem dois anos para receber a COP 30 em Belém (PA), mas a agenda do país referente ao encontro já foi iniciada. Essa é a avaliação de Ana Toni, secretária Nacional de Mudanças do Clima do Ministério do Meio Ambiente. Ela destacou o desafio logístico da capital paraense para recepcionar cerca de 70 mil pessoas no que é considerado o maior evento da ONU. Mais importante ainda é a missão do Brasil em mostrar que é parte da solução e não do problema de mudança climática.
Para Ana, a COP 30 será uma oportunidade formidável, promovendo uma vitrine de ações como a redução de 48% do desmatamento na Amazônia nos primeiros oito meses deste ano, em relação ao mesmo período de 2022. A secretária destacou, ainda, que ao lado dos sinais políticos de uma estratégia de controle e comando, ou seja, estado presente no combate ao desmatamento, as iniciativas precisam também ser economicamente sustentáveis.
Entre os impulsionadores do desenvolvimento sustentável na Amazônia estão os recursos do Fundo Clima Novo, que podem movimentar R$ 10,4 bilhões em títulos soberanos verdes, e os do Fundo Amazônia, que dobrou nos primeiros oito meses do ano. Outra frente é o mercado de carbono, que precisa estar estruturado até o início da COP 30, em 2025.
Os dados citados por Ana foram apresentados no evento COP: Dialogando sobre o Futuro Sustentável do Brasil, organizado pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), com suporte de várias instituições.
COP 28 trará subsídios para COP 30
Suzana Kahn, pesquisadora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), destacou que as emissões agroflorestais – as maiores no Brasil – precisarão ser discutidas de formas menos apaixonadas na COP 28, que acontece no Emirados Árabes Unidos (EAU), com dados reais e atualizados. O mesmo deve acontecer com a questão do desmatamento. De certa maneira, a COP desse ano trará subsídios para a apresentação do Brasil na COP 30.
A especialista da UFRJ também acredita que novos investimentos em energia deveriam priorizar a bioeconomia e não fontes fósseis, que seria um modelo econômico decadente. Mesmo sobre bioeconomia, a sugestão é que haja foco nessa área, pois o tema tem sido assunto de várias secretarias em nível federal. Ela citou, ainda, programas nacionais bem-sucedidos, como o do etanol, como exemplos. “É preciso ter foco e propósito em bioeconomia”, disse.
Patrícia Daros, diretora de Soluções Baseadas na Natureza da Vale, trouxe a experiência da mineradora na Amazônia, em programas de restauração e de recuperação dos sistemas agroflorestais. Ela destacou parcerias com Itaú e com o BNDES em projetos que têm como meta, entre outras coisas, a restauração da Bacia do Rio Xingu. Outra frente é no desenvolvimento de iniciativas de impacto para a população da região, incluindo as pessoas que vivem na e da floresta.
Assim como outras especialistas, ela avalia que a COP 30 vai posicionar o Brasil onde ele sempre deveria estar, com discussões sobre biodiversidade e uso de água, entre outros temas.