Brasil COP 28

Brasil deve se posicionar à frente da agenda em Dubai 

Na COP 28, o país terá a chance de mostrar ao mundo seus progressos em relação ao Acordo de Paris

Joao

em 27 de outubro de 2023


Para fazer referência ao momento atual da crise climática que o mundo enfrenta, António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, disse: “a era da ebulição global chegou”. O fato é que o mundo enfrenta recordes de temperatura e 2023 caminha para ser o ano mais quente da história. E o Brasil acompanha a tendência. Contudo, o país deve se posicionar à frente da agenda climática, na COP 28 que acontece no final do ano, em Dubai.

O Brasil entrou no mapa dos eventos climáticos extremos, com ondas de calor, ciclones e fortes chuvas, além de períodos de seca. Mas, o país vem desenvolvendo ações que o posicionam como um dos que mais tem dedicado esforços para combater o aquecimento global. 

Para Marina Grossi, presidente do CEBDS (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável), a emergência climática se impõe e o senso de urgência para uma ação climática ambiciosa nunca foi tão crítico. 

Brasil à frente da agenda climática na COP 28

A COP 28 terá uma espécie de prestação de contas dos países que fazem parte da Convenção-Quadro da ONU sobre Mudança do Clima (UNFCCC), sobre o Acordo de Paris. O Global Stocktake deve apresentar uma prévia do cumprimento das NDCs (contribuições nacionalmente determinadas). Apesar dos esforços, alguns países estão longe de alcançar a meta de descarbonização e o fato é que, se nada for feito, até 2100 a temperatura deve aumentar em torno de 2,4ºC e 2,6ºC.

Para Marina, com o devido empenho das nações, será possível reduzir a faixa de aquecimento entre 1,7ºC e 2,1ºC, mas para isso, os países devem puxar a responsabilidade para si e colocar em prática seus compromissos net zero. 

A COP 28 deve sediar diversas discussões sobre os próximos passos, e os países em desenvolvimento devem receber mais pressão para a ação, uma vez que a maioria tem dificuldades financeiras para implementar seus planos de mitigação. 

Apesar disso, o Brasil certamente receberá destaque quando apresentar o progresso em relação aos compromissos assumidos no Acordo de Paris. Além disso, deve assumir uma posição consistente frente à agenda climática por parte de todos os segmentos da sociedade – governo, setor empresarial e sociedade civil organizada.

O Brasil deve apresentar ao mundo as medidas anunciadas no Plano de Transformação Ecológica do governo federal, que recebe a contribuição do CEBDS. Nele está incluída, por exemplo, a regulamentação do mercado de carbono, tema que o setor empresarial vem trabalhando desde 2016 e, recentemente, teve projeto de lei aprovado pelo Senado brasileiro. 

De Dubai a Belém do Pará

A COP 30, programada para acontecer em 2025 em Belém do Pará, será a primeira realizada em solo amazônico. “Todos sabemos que a Amazônia é peça chave para o enfrentamento das duas graves crises ambientais que ameaçam a vida na Terra – a emergência climática e a perda da biodiversidade”, completou a presidente do CEBDS.

Para Marina, essa é a grande chance do Brasil se tornar protagonista de um novo modelo de desenvolvimento, baseado em uma economia de baixo carbono e com inclusão social, em uma transição justa para todas as pessoas. O empresariado brasileiro está engajado na busca por soluções e na articulação com governos e sociedade civil para que temas importantes avancem. O mercado regulado de carbono, a taxonomia sustentável e a neoindustrialização verde estão entre eles.