Chineses aceitam pagar mais por carne de origem sustentável
Segundo pesquisa realizada com consumidores em Pequim e Xangai, mais de 22% do público pagaria mais por carne oriunda de áreas não desmatadas
Atualmente, um quilo de filé mignon bovino brasileiro chega aos chineses por valores entre US$ 40 e US$ 70. Apesar do valor elevado, 22,5% dos consumidores afirmaram que pagariam ainda mais caso o produto chegasse com algum certificado de origem que garantisse que a carne não é procedente de áreas de desmatamento.
A informação é de uma pesquisa realizada pela Academia Chinesa de Ciências Sociais e a FGV Agro, da Fundação Getúlio Vargas, com apoio da ONG americana The Nature Conservancy. Segundo Eduardo Assad, pesquisador da FGV Agro, esse resultado atesta a importância da adoção de estratégias de rastreabilidade. “A tendência é de que o próprio mercado passe a exigir isso, levando os produtores a se preocuparem cada vez mais com a produção sustentável”, disse ele.
Atualmente, o Brasil supre 60% da carne importada pela China. No ano passado, isso totalizou quase 1,2 milhão de toneladas, o que representa US$ 5,73 bilhões. O país é o maior importador do Brasil e, hoje, 144 produtores de carnes (bovina, suína e de aves) estão autorizados para vender à China.
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Selo voluntário
Kevin Chen, acadêmico chinês e membro da Universidade de Zhejiang, defende que um selo que ateste a sustentabilidade dos produtos não seja obrigatório, ao contrário das iniciativas restritivas adotadas na União Europeia. “Quando é mandatório, seja ou não uma boa política, se torna um tema polêmico. Mas, se é voluntário, deixamos que o mercado decida”, explicou.
Na avaliação do pesquisador, isso será cada vez mais importante para que o Brasil exporte para a China, levando, naturalmente, os produtores à conscientização sobre as boas práticas e a rastreabilidade de toda a cadeia.